Spider-Man de PlayStation 1 completa 25 anos; relembre clássico dos games
Primeiro jogo 3D do escalador de paredes da Marvel foi produzido pelo mesmo estúdio de Tony Hawk, a Neversoft
Lançado em 2000, Spider-Man inaugura o herói na era 3D dos videogames. - (crédito: Reprodução/Neversoft/Activision)
Aniversário de um clássico. Lançado em 2000, o Spider-Man do PlayStation 1 trazia uma adaptação com um mundo 3D, onde pela primeira vez o jogador poderia se sentir como o herói jogando teia nos prédios e escalando paredes, além de enfrentar o seu canônico comitê de vilões em lutas de chefes criativas. Jogo completou 25 anos de lançamento no último sábado, 30 de agosto.
Uma captura do jogo que mostra sua interface e os prédios nublados graças a limitação de hardware.
(foto: Reprodução/Neversoft/Activision)
A Teia do Aranha
Depois de uma era década difícil no anos 90, a Marvel começou a explorar mais mídias além dos quadrinhos, vendendo suas licenças de personagens para diversas empresas para produzir conteúdo baseado em seus heróis. Assim aconteceu o pontapé mais forte da era dos super-heróis no cinema com o lançamento do primeiro filme dos X-Men, sendo um sucesso e divulgando os mutantes, que já eram conhecidos nos quadrinhos, para um público fora do nicho.
Nessa mesma onda, a Sony começou a utilizar seus direitos recém adquiridos para produzir mídias do “Espetacular Homem-Aranha”, com o primeiro deles sendo um jogo de videogame para o console mais potente na época, o PlayStation 1. O jogo foi desenvolvido pela Neversoft, mesmo estúdio de Tony Hawk Pro Skater (a empresa inclusive adicionou o Aranha como um personagem jogável no segundo título do simulador de skate) e publicado pela Activision, que na época tinham os direitos de produção de jogos exclusivos do herói.
Em uma entrevista pré-lançamento do jogo, o presidente da Neversoft, Joel Jewett falou sobre a oportunidade de trabalhar em um jogo de herói na época: “Se alguém na vida tivesse a oportunidade de fazer um videogame do Homem-Aranha, eu acho que eles agarrariam, ele é O super-herói. Quero dizer, o melhor super heroi que existe” confirmou o presidente como um fã do herói da Marvel. “Nós sabíamos que entrar nessa seria um dos jogos mais difíceis de se tentar fazer, principalmente com um cara que poderia ir a qualquer lugar”.
O jogo começou a ser desenvolvido em 1999 e apesar dos gráficos tecnológicos com modelos 3D, Spider-Man ainda contava com algumas limitações, a maior delas sendo a parte “rua” da cidade. No jogo você controla o Homem-Aranha no mundo “aberto” em que ele apenas fica no topo de prédios ou em níveis fechados, como um banco em que o herói tem que evitar um assalto. Contudo, a limitação de não poder acessar o solo foi justificada na história do jogo como sendo parte da trama maligna que o vilão maior do jogo, o Dr. Octopus liberou um gás venenoso nas ruas de Nova York, cabendo ao Aranha resolver o problema.
Inclusive, a movimentação do jogo foi uma das maiores dificuldades (e um dos maiores avanços) do jogo, já que o Aranha era reconhecido por sua movimentação única de soltar teia pelos prédios. Chad Findley, chefe de design da Neversoft, na mesma entrevista antes do lançamento, destacou como a animação da equipe cresceu quando eles viram todas as mecânicas prontas: “No dia que conseguimos fazer o Aranha pular de um prédio, soltar teia chegar até um prédio, escalar, passar por superfícies complicadas, descer disso e entrar numa briga com um vilão que tá tentando destruir o mundo, nós nos olhamos, rimos e sorrimos, “Nós temos algo muito divertido, mesmo que seja só mover o personagem por aí”.
O presidente da Neversoft apontou que a maior dificuldade do título foi animar os movimentos fluidos do herói, que segundo ele, era impossíveis serem feitos com captura de movimento, no mesmo estilo que jogos como Mortal Kombat utilizaram, com pessoas reais fazendo a ação para servir de referência aos animadores. Em Spider-Man, a responsabilidade de criar uma movimentação que fosse visualmente instigante recaiu sobre as mãos do animador, o que resultou em movimentos mais plásticos para o herói.
Venom e Aranha se unem numa aliança improvavél contra Octopus.
(foto: Reprodução/Neversoft/Activision)
História
Após um experimento que dá errado durante uma exposição de ciências, o reformado Doutor Otto Octavius, outrora conhecido como Dr. Octopus, é atacado pelo Homem-Aranha, o que não faz muito sentido já que Peter Parker estava na plateia acompanhando o evento. Durante o caos na fuga das pessoas, Peter esbarra em Eddie Brock que cobria a exposição para o Clarim Diário, contudo ele também é visto pelo Aranha Impostor e também acaba abordando o fotógrafo, destruindo seu equipamento. Furioso, Brock se torna mais uma vez o Venom e promete dar fim ao Homem-Aranha, enquanto isso, graças ao eventos da exposição a polícia decide caçar o aracnídeo pelos seus crimes o que deixa Octavius feliz, concluindo a primeira fase de seu plano lançando um gás tóxico em toda a cidade de Nova York. Cabe então ao Homem-Aranha deter o vilão e seus aliados e reverter o efeito misterioso do gás para limpar a sua imagem o quanto antes.
Spider-Man traz uma versão bem quadrinhos do super-herói com vilões já estabelecidos, além de um universo Marvel girando normalmente com o jogo trazendo aparições do Demolidor, da Gata Negra, e do Tocha Humana do Quarteto Fantástico e do Capitão América. Além dos conhecidos heróis, o elenco bem grande dos vilões animalescos do Aranha também aparece no título, servindo como chefes das missões, liderados por Doutor Octopus estão: Escorpião, Rhino, Venom, Carnificina, Lagarto e Mysterio.
Fãs comparam a capa do jogo com icônico poster do filme.
(foto: Reprodução/Sony/Neversoft/Activision)
Repercussão
O jogo foi portado para vários consoles da época, o Nintendo 64, o Game Boy Color, o Dreamcast e o PC. Spider-Man segundo o Video Game Chartz, apenas na versão do PlayStation 1 vendeu cerca de 3,3 milhões de cópias. A boa recepção gerou um segundo jogo, lançado em 17 de outubro de 2001, chamado de Spider-Man 2: Enter Electro, tendo o vilão com poderes de eletricidade como o antagonista principal dessa vez.
Muitos fãs apontam que Sam Raimi se inspirou em muitas coisas que o título tinha para promover o filme do super-herói estrelado por Tobey Maguire e Kirsten Dunst, Homem-Aranha, lançado em 2002. Um dos maiores “fatos” é a semelhança entre a arte promocional da capa do jogo e um dos pôsteres mais famosos do longa.
Fã refez arte original com trajes do jogo de PlayStation 4.
(foto: Reprodução/Reedit)
Legado da Activision
A Activision continuou com os direitos de lançamento do Homem-Aranha até 2014, lançado vários jogos do aracnídeo mais famoso do quadrinhos. Entre títulos bem vistos pelos fãs, têm Ultimate Spider-Man lançado em 2005 para PlayStation 2, Xbox, Gamecube, Game Boy Advance, PC e Nintendo DS, o título adapta a série de quadrinhos que reimagina os primeiros anos do herói, o jogo trazia um visual cartunesco, além das clássicas aparições dos heróis Marvel.
Spider-Man Web of Shadows tinha uma Nova York infestada de simbiontes do Venom e mostra os heróis Marvel lidando com a invasão dos seres alienígenas, entre aparições de Luke Cage e Wolverine, esse é o jogo que mais focou nos simbiontes, antes da era da Insomniac. Web of Shadows saiu em 2008, para PlayStation 3, Nintendo Wii, PC e Xbox 360.
Spider-Man Shattered Dimensions trazia várias versões do herói de diferentes universos - O aranhaverso, antes do aranhaverso - O Homem-Aranha clássico, o Homem-Aranha com o uniforme preto, o Homem-Aranha Noir e o Homem-Aranha 2099. Juntos os teiosos tinham a missão de juntar uma tabula mágica separada entre suas várias dimensões. Shattered Dimensions saiu para o PlayStation 3, Nintendo DS, Xbox 360, Nintendo Wii e PC, o jogo foi responsável por apresentar algumas das diferentes versões do herói que tinha muita fama no quadrinho para o nicho dos videogames. O jogo ganhou uma sequência no ano seguinte, agora apenas com o Aranha 2099 e o clássico em uma nova história.
Por fim, aproveitando o lançamento da nova encarnação do aracnídeo, a Activision decidiu produzir jogos inspirados no Espetacular Homem-Aranha de Andrew Garfield, com o primeiro saindo em 2012, mostrando uma sequência de eventos pós-filme. E o segundo sendo lançado em 2014, abordando a história do Carnificina. The Amazing Spider-Man 2 foi o último jogo produzido e lançado pela Activision, já que a licença de produção havia finalmente vencido em 2014, não só isso, mas o título marca também por ser o último jogo do Homem-Aranha a aparecer tanto em plataformas como o Nintendo e o Xbox. Com o vencimento das licenças, todos os jogos foram retirados das lojas digitais e não podem mais ser adquiridos, sendo considerado raridades no mundo dos games.
Um fã adicionou a versão mais poligonal do Aranha na versão de PC em Marvel' s Spider-Man.
(foto: Reprodução/Reedit)
Era Insomniac
Anunciado na E3 de 2016, Marvel 's Spider-Man marcava uma nova era para Insomniac e para a Sony, sendo o primeiro jogo licenciado do estúdio de games em 22 anos de existência e sendo o primeiro título da PlayStation sem a colaboração da Activision. O jogo foi lançado em 2018 para o PlayStation 4, sendo um dos jogos mais celebrados da plataforma.
Depois do sucesso, a Insomniac continua fazendo mais projetos com aracnídeo e hoje conta com mais dois jogos, Marvel 's Miles Morales e Marvel' s Spider-man 2. O VGChartz cogita que a franquia tenha alcançado mais de 50 milhões de cópias vendidas no total. A Marvel gostou tanto do trabalho da Insomniac que mais um herói foi anunciado para receber um jogo pelas mãos dos desenvolvedores, Marvel’ s Wolverine, anunciado em 2021 que ainda não foi lançado, mesmo com a chegada do PlayStation 5.
O trilho que a Insomniac pegou foi desenhado pelos erros e acertos das muitas tentativas da Activision que acabou fundindo a Neversoft com a Infinity Ward, responsavél por vários jogos da franquia Call of Duty, e deixando para o estúdio apenas saudades do dia em que trabalhou desenvolvendo o primeiro Homem-Aranha 3D.
Formado em jornalismo pelo Instituto de Ensino Superior de Brasília (IESB). Atua desde 2022 como repórter multimídia do Correio Braziliense, o primeiro jornal de Brasília. Participou de coberturas importantes como as eleições de 2022 e