
É na casa dos 20 e tantos anos que muitos jovens começam a ter questionamentos sobre o que querem fazer pelo resto da vida. Amor, faculdade, trabalho e família. Diante de tantas perguntas, crises existenciais costumam nascer. Pensando nisso e vivenciando esses dilemas na pele, o rapper Tchelo, um dos maiores talentos do trap atualmente, decidiu se jogar nos próprios sentimentos no álbum Novos hábitos, lançado na madrugada desta quinta-feira (2/10).
Com a típica euforia e realização de quem fez algo de ser orgulhar, o artista considera esse trabalho o mais íntimo e maduro de sua carreira, fruto de um processo criativo totalmente artesanal e familiar. “Lançar essa parada e ver a materialização do do disco sendo 100% formada deixa o meu coração muito feliz," revela o rapper.
O álbum é concebido como uma retrospectiva de um período de transformação e amadurecimento pessoal do artista. Tchelo explica que as músicas abordam o processo de "ressignificar muita coisa que já aconteceu em sua vida vida," um tema que, segundo ele, precisa de mais espaço no cenário do rap. "Acho que reflete muito mesmo do que sou. Quero trazer uma ideia de amadurecimento pessoal," afirma Tchelo.
Assim, é possível ver esse processo de desenvolvimento pessoal presente na temática trazida para o disco. Pela primeira vez, o rapper se permitiu explorar assuntos mais íntimos, como terapia e sentimentos amorosos, antes evitados. "Só dei a liberdade do que o meu coração e a minha cabeça quiseram falar", detalha, acrescentando que anteriormente músicas sentimentais ficaram engavetadas por receio.
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A força da família
Um dos pilares do trabalho de Tchelo é sua independência e a colaboração inseparável com a família. O trabalho é feito "artesanalmente" em conjunto com seu irmão (beatmaker/produtor) e seu pai, sendo estes dois suas grandes referências, tanto na vida quanto na música. "A gente sempre gostou de fazer todos os elementos do projeto só nas nossas mãos mesmo, para ficar artesanal e conceitual do jeito que gostamos", conta Tchelo.
Essa autonomia é um valor irrenunciável para o artista, mesmo tendo recebido propostas de grandes gravadoras. "É o que dá sentido mesmo ao que fazemos. Temos todo o controle do processo para fazer do nosso jeito", assegura. Mais do que isso, vê com olhos de garoto apaixonado a importância dessa caminhada conjunta até aqui.
As inspirações musicais, como o saudoso Chorão, do Charlie Brown Jr., vieram graças ao pai, que sempre foi um enorme fã da banda. Diante dessa veia artística, Tchelo sonha em fazer da própria arte um instrumento para que os mais jovens se apaixonem pelo rap e acreditem que há sempre uma saída para dores internas.
Além do stream
Para o rapper, o sucesso do álbum não se mede em números. Seu objetivo é o impacto da mensagem. "Eu não espero que esse álbum tenha um bilhão de streams. Se 10 pessoas conseguissem captar essa mensagem 100%, já ficaria feliz”, acrescenta. Essa visão se conecta com projetos de grande representatividade, como a recente colaboração com o jogo Fortnite, que nasceu graças à parceria com a Salve Games e a Symphonic.
O rapper, que é gamer e tem uma ligação afetiva com o jogo, ressalta o simbolismo de levar sua arte para o universo dos games. "Poder colocar a quebrada lá, fazer um mapa, um bagulho com a minha música, para mim é muito importante e representativo," diz Tchelo, que vê o projeto como uma forma de inspirar sua comunidade.
"Acho que nem levo essa parada como mérito para mim, levo como representatividade para o pessoal que é lá do bairro também”, completa. O álbum é, acima de tudo, uma realização pessoal. "Só de a arte existir já é uma parada que me deixa muito feliz, independente do lançamento. Foi uma forma de eu falar coisas que eu precisava falar para mim mesmo e escutar também," conclui.
Diversão e Arte
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