
O diretor do escritório da Organização Internacional do Trabalho (OIT) no Brasil, Vinícius Carvalho Pinheiro, afirmou que o país encerra 2025 com a “média histórica mais baixa desde 2012” na taxa de desocupação e com “um ano em que a taxa de ocupação aumentou significativamente, alcançando cerca de 59%”. A fala foi dada durante participação no debate Desafios 2026: democracia, desenvolvimento e justiça social no Brasil contemporâneo, realizado nesta quarta-feira (10/12) pelo Correio Braziliense,
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Segundo Pinheiro, a informalidade recuou para “37,8%, três pontos percentuais a menos”, enquanto a renda cresceu mesmo com a política monetária restritiva. Para ele, o quadro cria um ciclo de “mais emprego, mais consumo e mais produção”, apesar dos juros elevados.
Ao projetar 2026, o diretor avaliou que o país vive “aquela questão do cachorro correndo atrás do rabo”, com o mercado aquecido e juros persistentes. Ele citou o Copom, que faz hoje a sua última reunião do ano, e afirmou que o governo tem recorrido a “mecanismos de crédito subsidiado via bancos públicos, como Caixa, Banco do Brasil e BNDES”, o que exige uma saída para o que chamou de “posição ineficiente do ponto de vista macroeconômico”.
Entre os temas institucionais que exigem acompanhamento, Pinheiro destacou a decisão do Supremo Tribunal Federal sobre a “pejotização”, por envolver impactos trabalhistas, fiscais e sobre o Fundo de Amparo ao Trabalhador. Também mencionou o PL dos aplicativos, “que regula o setor com uma proposta de autonomia com direitos”, e o debate sobre a “escala de poder”, que pode avançar em 2025 ou ficar para o próximo governo. “Esses três temas têm grande impacto em 2026”, afirmou.
No campo estrutural, o diretor da OIT apontou a transição ecológica como vetor central, com potencial elevado de novas ocupações. Ele citou dados da Associação Brasileira de Energia Solar que projetam “571,9 mil empregos até o final de 2026” em projetos de grande porte, geração distribuída e instalação de painéis em residências e empresas.
Vinícius Pinheiro afirmou que setores como bioeconomia, agricultura sustentável, construção verde e economia circular demandam “reformulação de perfis profissionais” e investimentos consistentes em qualificação. “Não haverá mão invisível que trará um trabalhador de combustíveis fósseis para energia renovável; é necessário investimento massivo em habilidades”, disse, citando universidades e o Sistema S como atores centrais.
A inteligência artificial (IA) foi apresentada por ele como outro eixo de mudança, com impacto mais transformador do que eliminador de postos. “O percentual de empregos substituídos é inferior a 1%”, afirmou, destacando que tarefas — e não ocupações inteiras — serão reorganizadas e que o ganho de produtividade depende de capacitação contínua.
*Estagiária sob a supervisão de Andreia Castro

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