
Uma das sedes da Copa do Mundo 2027, o Distrito Federal é um dos polos do desenvolvimento do futebol feminino no país. A capital tem o Real Brasília na Série A1 do Brasileirão Feminino, o Minas na segunda divisão e o Cresspom jogou a terceira neste ano. A realidade doméstica, no entanto, mostra uma outra faceta das competições no país: a dos times que fazem da participação nas competições locais um ato de resistência — e até mesmo risco. A bola rola neste fim de semana para a última rodada da primeira fase (confira os confrontos no fim desta matéria)
Disputado por sete clubes, o Candangão Feminino apresenta dois times incapazes de ter jogadoras para compor o banco de reservas. Em alguns casos, há quantidade mínima de atletas até mesmo na escalação inicial. Duas partidas foram encerradas antes da conclusão do primeiro tempo na primeira fase do torneio justamente por falta de "quórum".
O Legião inicia o fim de semana na sexta posição. A campanha registra uma vitória e quatro derrotas. Quando o Candangão começou, a equipe cumpriu o regulamento e inscreveu 16 jogadoras. A partir da terceira rodada, a quantidade começou a diminuir. Na quinta rodada, as legionárias pisaram no gramado com 11 atletas, ou seja, sem nenhuma suplente.
O técnico Simbo Santos justifica a situação em entrevista ao Correio Braziliense. "Havia jogos, aos sábados, em que elas tinham trabalho, então, elas preferiram ir para o trabalho a jogar. Eu, como treinador, não posso impedi-las. Mas eu tive só uma partida na qual havia apenas duas atletas no banco. A maioria estava trabalhando e outras machucadas”, explicou.
Na quinta rodada, a partida entre Luziânia e Legião foi encerrada aos 12 minutos do segundo tempo. A equipe do Entorno não tinha jogadoras suficientes para iniciar o duelo. Na súmula, o árbitro Wesley De Almeida relatou: "A partida foi encerrada aos 12 minutos do segundo tempo, em virtude de insuficiência de atletas da equipe do Luziânia. Após duas jogadoras supostamente se lesionarem, uma aos 7 minutos do segundo tempo, e a outra aos 12 minutos do segundo tempo, as mesmas foram avaliadas pela médica da partida, a Srª Dr. Eduarda Paula Marcus Xavier, assim foi constatado que as mesmas não teriam condições de retornar a partida", descreveu o mediador da partida.
Lanterna, o Luziânia entrou em campo pela sexta rodada, no último dia 20, contra o líder Minas Brasília, com oito jogadoras, e perdeu por 5 x 0. "Informo que encerrei a partida aos 35 minutos do primeiro tempo por número insuficiente de atletas da equipe A.A Luziânia após atendimento médico da atleta nº 08, não retornando ao campo", relatou o árbitro da partida, Jorge Luiz Sardenberg de Morais.
"Desde o início, nós tivemos uma dificuldade em fazer a montagem do futebol feminino. As meninas com as quais conversamos para poder iniciar o trabalho, infelizmente, não estão tendo a condição de continuar por motivos particulares", diz ao Correio o presidente do Luziânia, Rodrigo Belchior. "Praticamente 100% do futebol feminino trabalha em outras profissões. Isso está nos dificultando muito, mas eu tenho certeza de que, mais para a frente, o Luziânia tem tudo para fazer uma grande competição”, pondera o presidente.
O documento oficial do jogo aponta um problema administrativo ainda mais grave. "Informo que o médico do Minas Brasília, Thiago Aguiar Carvalho, prestou atendimento a ambas equipes". Além de jogadoras, o Luziânia não tinh profissional de saúde no banco.
Palavra da FFDF
A reportagem contatou a Federação de Futebol do Distrito Federal (FFDF) para saber sobre as situações precárias do Legião e do Luziânia. O artigo 44 do Regulamento Específico do Candangão Feminino diz: "Nenhuma partida poderá ser disputada com menos de 07 (sete) atletas ou com a ausência de um dos clubes disputantes". O Luziânia iniciou jogo com oito.
"A federação tem o papel de organizar as competições e não tem nenhuma gerência administrativa sobre os clubes. Desta forma, essa questão de quantidade de atletas não compete a entidade", respondeu ao Correio o presidente Daniel Vasconcelos.
Última rodada
Os semifinalistas estão definidos. Minas Brasília, Real Brasília, Cresspom e Ceilândia. Falta a definição dos cruzamentos. As Minas lideram com 16 pontos, mas folgam neste fim de semana. As Leoas do Planalto não podem alcançá-las em número de pontos caso derrotem o Luziânia porque somam 12. O Cresspom ocupa terceiro lugar com 10 e o Ceilândia tem nove. Há possibilidade de troca de posição em caso de uma combinação de resultados.
Programe-se
26/9 - Sábado
10h - Legião x Cruzeiro (Rorizão, em Samambaia)
15h30 - Luziânia x Real Brasília (Defelê, na Vila Planalto)
15h30 - Cresspom x Ceilândia (Bezerrão, no Gama)
Classificação
| GRUPO A | Pts | J | V | E | D | GP | GC | SG | CV | CA | % | ||
|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|
| 1º | Minas Brasilia | 16 | 6 | 5 | 1 | 0 | 31 | 3 | 28 | 0 | 3 | 88 | |
| 2º | Real Brasília | 12 | 5 | 4 | 0 | 1 | 16 | 4 | 12 | 0 | 5 | 80 | |
| 3º | Cresspom | 10 | 5 | 3 | 1 | 1 | 16 | 7 | 9 | 0 | 4 | 66 | |
| 4º | Ceilândia SAF | 9 | 5 | 3 | 0 | 2 | 15 | 8 | 7 | 0 | 13 | 60 | |
| 5º | Cruzeiro | 3 | 5 | 1 | 0 | 4 | 7 | 16 | -9 | 0 | 3 | 20 | |
| 6º | Legião | 3 | 5 | 1 | 0 | 4 | 4 | 24 | -20 | 0 | 1 | 20 | |
| 7º | Luziânia | 0 | 5 | 0 | 0 | 5 | 1 | 28 | -27 | 0 | 1 | 0 | |
*Estagiária sob a supervisão de Marcos Paulo Lima
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