
Jean Pereira dos Santos, 19 anos, conseguiu uma bolsa de estudos na Northwestern University, nos Estados Unidos. Nascido e criado na comunidade quilombola Kalunga Engenho 2, em Cavalcante (GO), o jovem vai cursar educação e política social na universidade norte-americana a partir de agosto.
"Eu fiquei sabendo da notícia durante uma reunião do meu projeto social. Como eu que estava coordenando a reunião, eu não podia abrir o resultado, porque dependendo dele eu poderia ficar muito triste e chateado. Eu demorei duas horas e meia para ver o resultado. Quando eu entrei no portal da universidade e vi, eu gritei e fui correndo abraçar minha mãe e contar para a família", relata Jean ao Correio.
Jean atua no projeto "Tocando em frente", que busca levar um currículo inovador baseado na Base Nacional Comum Curricular a alunos de escola públicas do Brasil. A iniciativa conta com aulas gamificadas de inglês, robótica, olimpíadas, pesquisa, jornalismo, artes e voluntariado.
"A gente leva histórias de inspiração e mostra caminhos para que eles possam seguir. Tudo isso é para acabar com o famoso vácuo inspiracional, que é a falta de perspectiva de um futuro. Acreditamos que o estudante só consegue sonhar com aquilo que ele conhece. Então, quando mostramos possibilidades e pessoas da realidade dos alunos, eles conhecem pessoas de referência e conseguem sonhar mais alto", pontua o estudante goiano.
Jean ressalta que é inspirado pela mãe, Luana dos Santos Rosa, desde pequeno. "A minha mãe cursou educação do campo na faculdade em um curso de extensão da UnB. Então, desde criança ela me trouxe essa inspiração na educação", cita.
Mesmo em meio a dificuldades, o jovem recebe apoio da mãe para seguir o que sonha. "Eu lembro que desde criança eu queria aprender inglês, mas nós não tínhamos condição e nem escola de idioma perto, e minha mãe trouxe um DVD de espanhol da faculdade, como um símbolo de 'eu confio muito que você vai aprender um novo idioma, mas isso é o que eu posso fazer por você no momento'", conta.
Jean afirma que já está recebendo suporte da faculdade e que está empolgado com a possibilidade de, além do curso educação e política social, participar de aulas de dança e de outros clubes de estudo na universidade.
O jovem frisa que tirou um "ano sabático" para se preparar para a tão almejada aprovação. Ainda segundo ele, a conquista não é individual, mas sim fruto de um esforço coletivo da família e da comunidade.
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"É uma conquista coletiva, porque ainda não há muitos como eu por lá. Então é importante valorizar e trabalhar para levar mais pessoas. Não podemos ficar sentado aplaudindo um enquanto outras pessoas não sabem por onde começar. Historicamente, essa conquista não era para ter sido minha, então eu quero contribuir para levar outros quilombolas. A meta é sair, buscar conhecimento e voltar para impactar o lugar de onde você saiu", declara Jean.
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