Terrorismo em Brasília

Tadeu Alencar critica despreparo da segurança no DF: "Foi um ato pensado"

O secretário executivo de Segurança Pública do Ministério da Justiça disse ao Correio que Anderson Torres "promoveu uma desarticulação" das forças de segurança da área atacada

Marcos Braz*
postado em 12/01/2023 15:57
 (crédito:  Carlos Vieira)
(crédito: Carlos Vieira)

Na análise de Tadeu Alencar, secretário executivo de Segurança Pública do Ministério da Justiça, os ataques terroristas às sedes dos Três Poderes ocorridas no domingo (8/1) foram resultados de falta de liderança, já que as Forças Armadas “funcionam de acordo com o protocolo que recebem ou não recebem”.

Ele foi o convidado do CB.Poder — parceria de TV Brasília e Correio — desta quinta-feira (12). Na conversa com a jornalista Denise Rothenburg, o secretário criticou a gestão distrital da segurança pública.  Alencar fez questão de ressaltar que a atribuição de prover a segurança pública no Distrito Federal é das autoridades de segurança pública do DF. Para ele, portanto, a atitude de Torres “promoveu uma desarticulação” da secretaria dias após tomar posse.

Alencar se refere ao fato de o ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal ter trocado o comando da equipe de inteligência e operações especiais da secretaria assim que assumiu o cargo, em 2 de janeiro. Torres exonerou integrantes do grupo que vinha monitorando os atos e manifestações golpistas. Na madrugada do último sábado (7), o ex-ministro do governo Bolsonaro viajou rumo à Disney, nos Estados Unidos, ausentando-se do cargo. Ibaneis Rocha (MDB), governador afastado, diz que as férias do então secretário não tinham sido autorizadas.

Segurança na posse

Na entrevista de hoje, o secretário executivo analisou a diferença entre os esquemas de segurança do dia da invasão e da posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), no dia 1º de janeiro. “Basta mostrar todo o aparato, protocolo e planejamento de segurança que funcionaram no dia 1º, na posse do presidente Lula, foi a mesma polícia, os mesmos órgão de segurança que funcionaram ou não funcionaram no dia 8. As instituições eram as mesmas, mas com um comando diferente”, comparou.

A violência envolvida no ataque ao prédio do Supremo Tribunal Federal (STF) chamou a atenção de Alencar. “Chocou todo o mundo civilizado, o mundo democrático, que viu, nessa tentativa de destruição das instituições de Estado, uma selvageria, em especial, na Suprema Corte brasileira”, disse. Mas ele disse acreditar também que a ação reforçou a importância de se ter as instituições funcionando, “principalmente aquelas encarregadas de prover a segurança pública”.

"Não foi coisa de uma adesão espontânea"

Os atos terroristas foram classificados por Alencar como uma “clara tentativa de golpe de Estado”. “Você vê claramente a tentativa de afastar o funcionamento das instituições democráticas. Felizmente, elas se fortaleceram nesse episódio”. E afirmou não acreditar na possibilidade de terem havido infiltrados no ato. Segundo o secretário, é claro para as forças de segurança quando existe um grupo com intenções de tumulto em meio a uma manifestação, mas, no caso de domingo, o sentimento era generalizado.

“Foi um ato pensado, não foi coisa de uma adesão espontânea. Ali, foi algo premeditado. Em meia hora, eles conseguiram entrar nos três palácios, o que mostra que foi algo feito por profissionais e preparado de maneira muito planejada”, ressaltou.

Ainda segundo o entrevistado, atualmente, Brasília está melhor protegida pela equipe de segurança nacional, instaurada pelo decreto de intervenção federal. Ao todo, 600 homens da Força Nacional foram disponibilizados para auxiliar na proteção de Brasília.

“Nós temos um decreto presidencial que organiza o funcionamento da Força Nacional. Ela depende de contingentes enviados pelos estados, ela não tem um corpo próprio. Naquele momento, a uma semana da posse do presidente, nós tínhamos 160 profissionais, e esses foram empregados integralmente. Evidentemente, com a proporção que esse movimento tomou, 150 homens eram absolutamente insuficientes”, explicou.

*Estagiário sob a supervisão de Andreia Castro

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