Bolsonaro diz sentir que vai ser preso até mês que vem: "No cadafalso"
"O sentimento é que (prisão) vai acontecer, até o mês que vem, que é o julgamento. Nunca se viu um processo tão rápido como o meu", disse ele ao ser perguntado sobre se acha que vai ser preso
Bolsonaro é conduzido ao Centro Integrado de Monitoração Eletrônica, da Secretaria de Administração Penitenciária do Distrito Federal - (crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou nesta sexta-feira, 18, sentir que vai ser preso até o mês que vem, no âmbito do julgamento que enfrenta no Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a tentativa de golpe de Estado. A declaração foi dada à agência Reuters.
"O sentimento é que (prisão) vai acontecer, até o mês que vem, que é o julgamento. Nunca se viu um processo tão rápido como o meu", disse ele ao ser perguntado sobre se acha que vai ser preso. "Eu estou no cadafalso. Na hora que o soberano Alexandre de Moraes achar que tem que chutar o banquinho, ele chuta".
A Polícia Federal deflagrou uma operação na manhã desta sexta-feira (18/7) contra Jair Bolsonaro, com autorização do STF
Mateus Bonomi/AFP
Agentes cumpriram mandados de busca e apreensão na casa do ex-presidente e em endereços ligados ao Partido Liberal (PL)
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O STF determinou que Bolsonaro passe a usar tornozeleira eletrônica para monitoramento contínuo
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Ele está proibido de sair de casa entre 19h e 7h, como medida de contenção e vigilância
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Bolsonaro não poderá acessar ou usar redes sociais, nem mesmo por meio de terceiros
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Está proibido de se comunicar com outros réus ou investigados, inclusive o filho Eduardo Bolsonaro
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Jair Bolsonaro não pode se comunicar com diplomatas, embaixadores ou representantes estrangeiros
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Está vetado seu acesso físico a embaixadas, especialmente a dos Estados Unidos
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Ele não poderá deixar o país sem autorização prévia do Supremo Tribunal Federal
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Endereços ligados ao Partido Liberal foram alvo de busca e apreensão na mesma operação
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O advogado Fabio Wajngarten disse que a defesa recebeu as medidas com surpresa e vai se manifestar após acesso ao processo
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O Partido Liberal classificou a operação como desproporcional e questionou sua justificativa
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O deputado Rogério Correia (PT-MG) solicitou a prisão preventiva e a tornozeleira, citando risco de fuga
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A Corte atendeu parcialmente, impondo restrições, mas sem decretar prisão até o momento
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As medidas representam o avanço das investigações e aumentam o cerco judicial sobre o ex-presidente
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Bolsonaro foi alvo nesta manhã de um mandado de busca e apreensão pela Polícia Federal (PF), que apreendeu, entre outras coisas, um pen-drive e 14 mil dólares em espécie em sua casa.
Ele também é alvo de medidas cautelares, como o uso de tornozeleira eletrônica, proibição de uso de rede social e de se comunicar com seu filho Eduardo Bolsonaro, que está nos Estados Unidos.
A Polícia Federal (PF) fez operação na residência do ex-presidente na manhã desta sexta-feira (18/7). Busca e apreensão encontrou US$ 14 mil (cerca de R$ 78 mil) e R$ 8 mil em espécie, além de um pen drive.
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Após ação, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes determinou medidas cautelares contra Bolsonaro, entre elas o uso de tornozeleira eletrônica
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O político foi encaminhado ainda na manhã desta sexta-feira (18/7) ao Centro Integrado de Monitoração Eletrônica, da Secretaria de Administração Penitenciária do Distrito Federal, onde colocou o dispositivo eletrônico
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A decisão de Moraes determina ainda que Bolsonaro não pode usar redes sociais, se comunicar com embaixadores e diplomatas estrangeiros ou nem com outros réus e investigados pelo STF, incluindo o filho Eduardo Bolsonaro. Ele também deve cumprir recolhimento domiciliar de 19h às 6h
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Em fala à imprensa, o ex-presidente afirmou que é alvo de uma "suprema humilhação". Em relação aos dólares, ele alegou: "Sempre guardei dólar em casa. É normal". Ter dólares em casa não é ilegal, mas é necessário declarar valores acima de US$ 10 mil. A suspeita é de que o dinheiro poderia ser usado para arquitetar fuga do país.
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"Eu não tenho a menor dúvida de que (esse movimento) é uma perseguição. Que provas tem contra mim? Não tem nada, são só suposições. Quando se fala em (acusação) criminal, você tem que ter algo concreto. Eu não me reuni com marginal no Morro do Alemão, como o Lula fez, 'tá'?", declarou o ex-presidente.
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Decisão de Moraes aponta que Bolsonaro e o filho Eduardo "vêm atuando, ao longo dos últimos meses, junto a autoridades governamentais dos Estados Unidos da América, com o intuito de obter a imposição de sanções contra agentes públicos do Estado Brasileiro".
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Os atos do ex-presidente e do filho podem ser configurados como crime de coação no curso do processo, obstrução de investigação de infração penal que envolva organização criminosa e abolição violenta do Estado Democrático de Direito
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Após conversa com a imprensa no Centro Integrado de Monitoração Eletrônica, Jair Bolsonaro foi para a sede do Partido Liberal
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Bolsonaro fala à imprensa após colocar a tornozeleira eletrônica
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O ex-presidente se emocionou durante a entrevista ao falar de Eduardo, disse que, entre todas as medidas cautelares, a mais dura é a de não poder mais conversar com o filho - com quem afirmou se falar "dia sim, dia não" - e afirmou acreditar que o deputado não volta mais ao Brasil.
"Acredito que ele não voltará. Se voltar, vai ser preso. O Eduardo é um garoto inteligente, fala inglês muito bem, fala espanhol, domina o árabe. Tem bom relacionamento com o governo Trump. Eu acredito que ele vá buscar uma alternativa de se tornar um cidadão americano e não volte mais para cá. Enquanto o Alexandre de Moraes tiver o poder de prender quem ele bem entender", afirmou.
Mais cedo, na chegada ao estacionamento do diretório do Partido Liberal, onde Bolsonaro se dirigiu após passagem na Secretaria de Estado de Administração Penitenciária para a instalação da tornozeleira, ele tinha dito que Eduardo pode concorrer ao Senado Federal via procuração.