Queda de braço

Obstrução da oposição é "ataque" e continuidade do golpe, dizem governistas

Deputados de oposição ocuparam os plenários da Câmara e do Senado para exigir a votação da anistia aos golpistas do 8 de Janeiro e em protesto à prisão de Jair Bolsonaro (PL)

Parlamentares alinhados ao governo Lula prometeram acionar o Conselho de Ética para responsabilizar deputados bolsonaristas; na imagem, Lindbergh Farias (PT-RJ), Jandira Feghali (PCdoB-RJ) e Tarcísio Motta (PSol-RJ) -  (crédito: Kayo Magalhães e Bruno Spada/Câmara)
Parlamentares alinhados ao governo Lula prometeram acionar o Conselho de Ética para responsabilizar deputados bolsonaristas; na imagem, Lindbergh Farias (PT-RJ), Jandira Feghali (PCdoB-RJ) e Tarcísio Motta (PSol-RJ) - (crédito: Kayo Magalhães e Bruno Spada/Câmara)
Deputados alinhados ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva disseram nesta terça-feira (5/8) que a obstrução da oposição aos trabalhos da Câmara é um “ataque” ao parlamento e à própria democracia. O grupo pretende acionar o Conselho de Ética da Casa contra os congressistas, cuja maioria é de deputados do PL.
O líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (PT-RJ), disse que é “inaceitável” a mobilização da oposição para impedir o funcionamento da Casa Baixa. “Ninguém pode parar pela força a atividade parlamentar. Os trabalhos legislativos. É uma continuidade desse processo de golpe”, afirmou.
“Isso aqui é mais um ataque às instituições. Houve o 8 de janeiro e parece que eles continuam na mesma linha, de atacar todas as instituições. De fazer um movimento que só tem um objetivo: tentar livrar a cara de Bolsonaro. É uma chantagem contra o país”, argumentou o petista.
O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), está em seu estado e só deve chegar a Brasília no fim do dia. A sessão do Plenário estava marcada para as 13h55, mas os deputados de oposição impediram o início dos trabalhos.
Segundo Lindbergh, os governistas esperam a chegada de Motta para retomar os trabalhos. “Cada um desses deputados que ocuparam a Mesa desta forma, de forma autoritária, podem e serão responsabilizados. Têm de ser responsabilizados no Conselho de Ética”, disparou.
Já a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) disse que o parlamento só parou de funcionar durante ditaduras. “Nem acho inteligente da parte deles tapar a boca. Isso chega a ser ridículo. Em vez de eles usarem os microfones para fazer seus protestos e a defesa do que pensam, tapam a boca e tentam impedir a nossa boca de falar. Isso é inaceitável”, afirmou a parlamentar.
O deputado Tarcísio Motta (PSol-RJ), por sua vez, questionou a legalidade do movimento dos parlamentares bolsonaristas. Disse que os parlamentares têm direito a obstruir as votações, mas que isso só poderia ser feito com a sessão em andamento.
“Cometem um ato muito grave ao paralisar os trabalhos do parlamento para exigir a votação de um projeto que o Colégio de Líderes decidiu não pautar.(...) Cada um deles vai ser alvo de processo no Conselho de Ética pelo que estão fazendo hoje”, disse o congressista, que comparou o movimento à tentativa golpista do 8 de janeiro.

Oposição rebate

A oposição defendeu a legitimidade do protesto feito pelos parlamentares. O líder do grupo na Câmara, deputado Zucco (PL-RS), relembrou as ocasiões em que deputados de esquerda ocuparam a Mesa da Câmara para protestar. 
Um deles foi durante o impeachment de Dilma Rousseff (PT), em 2016. Em 2017, fizeram o mesmo durante a discussão da reforma da Previdência, durante o governo de Michel Temer (MDB).
Até as 16h, os parlamentares bolsonaristas continuavam a ocupar o plenário Ulysses Guimarães, na Câmara, com esparadrapos em suas bocas contra uma suposta censura e a favor da aprovação do projeto de anistia aos golpistas do 8 de janeiro.

Siga o canal do Correio no WhatsApp e receba as principais notícias do dia no seu celular

  • Google Discover Icon
postado em 05/08/2025 16:28 / atualizado em 05/08/2025 16:28
x