Guerra comercial

Lula critica postura dos EUA e defende diplomacia com 'reciprocidade'

Durante discurso na cerimônia de assinatura da MP "Brasil Soberano", o presidente também comparou sua trajetória política à de adversários que questionam o resultado das urnas

Durante a cerimônia de assinatura da medida provisória (MP) “Brasil Soberano”, nesta quarta-feira (13/8), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que a disputa comercial com os Estados Unidos não é apenas um embate econômico, mas um “debate público com teor ideológico”.

Sem citar diretamente as novas tarifas impostas pelo governo norte-americano, o petista ironizou a postura de Washington e elogiou a atuação das instituições brasileiras. “Se ele [Trump] conhecesse a verdadeira história, estaria dando parabéns à Suprema Corte brasileira por estar ajudando a democracia”, disse.

O presidente também comparou sua trajetória política à de adversários que questionam o resultado das urnas. “Eu acabava de perder [a eleição], voltava para casa. Não ficava xingando ninguém, não ficava duvidando das urnas”, afirmou.

Ed Alves/CB/D.A Press - Lula anunciou um pacote de medidas para amenizar o impacto do tarifaço imposto pelos Estados Unidos

Lula destacou que o Brasil busca manter uma postura diplomática antes de adotar qualquer medida de reciprocidade. “Nós não estamos anunciando reciprocidade. Veja como nós somos negociadores: não queremos, no primeiro momento, fazer nada que justifique piorar a relação. Estamos tentando aproximar”, afirmou, exaltando a equipe brasileira de negociação comercial — que comparou, em tom bem-humorado, a um elenco de elite do futebol europeu.

O presidente citou ainda conversas recentes com líderes da Índia, China, Rússia, Argentina, França e Alemanha, além de uma reunião virtual planejada com países do Brics. O objetivo, segundo ele, é articular respostas conjuntas e alternativas comerciais.

Brics, comércio e alternativas

Lula rebateu críticas de que a aproximação com países do Brics prejudicaria o Brasil. Ele lembrou que o bloco mantém uma balança comercial de US$ 160 bilhões com o país e defendeu ampliar a integração: “Queremos vender mais e comprar mais. Queremos aprender mais e ensinar mais. É assim que esse país vai se transformar”.

O presidente também aproveitou para mandar um recado indireto a Washington. “Os Estados Unidos precisam aprender que democracia, respeito comercial e multilateralismo valem para nós e devem valer para eles”, disse, alertando que a aposta americana “pode não dar certo” para seus próprios interesses.

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