O líder da oposição na Câmara, deputado Zucco (PL-RS), criticou a condução do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF). Na saída da primeira parte da sessão, nesta terça-feira (9/9), o parlamentar questionou a postura do ministro Alexandre de Moraes e apontou supostas falhas no devido processo legal. “Eu não sei se tem algum psicólogo aqui presente, mas se vocês pudessem ver como eu vi o prazer na fala do ministro Alexandre Moraes, ao mesmo tempo a raiva e a indignação, não como ministro supremo”, afirmou.
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Zucco também levantou expectativas em relação ao posicionamento do ministro Luiz Fux, que demonstrou incômodo durante a leitura do voto de Alexandre de Moraes. O parlamentar afirmou esperar que Fux, diante das alegações da defesa sobre a falta de tempo hábil para analisar os 70 terabytes de provas, peça um prazo maior para avaliação do processo. “A esperança é que o ministro Fux, que está vendo tudo isso, possa se posicionar em função das defesas já apresentadas e da ausência de ampla defesa”, disse o líder da oposição, apontando a possibilidade de um gesto de equilíbrio jurídico na condução do julgamento.
Provas extensas
Zucco destacou que a defesa de Bolsonaro enfrentou dificuldades para analisar o volume de provas apresentadas pelo STF. Segundo ele, os 70 terabytes de informações deveriam ser levados em consideração como um obstáculo real para os advogados. “Não é reclamação do deputado, é a defesa que disse. Eles não tiveram tempo hábil para analisar todo esse material”, declarou. O parlamentar ainda mencionou supostas “fraudes processuais”.
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Ao falar sobre os réus do 8 de Janeiro, Zucco criticou a caracterização de manifestantes como integrantes de organização criminosa. Ele citou casos de pessoas comuns, como “a dona Helene, de 74 anos”, para reforçar o argumento de que não houve tentativa de golpe organizada. “Sem armas, sem instituições, sem nenhum tipo de exército, marinha, aeronáutica ou embaixadas, aquelas pessoas agora estão sendo colocadas como prova de uma organização criminosa cujo líder, segundo Moraes, é o presidente Bolsonaro”, disse.
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Zucco defende que plenário paute anistia
O deputado também voltou a defender a votação de uma anistia no Congresso. Para ele, o tema não deve ser adiado e precisa ser enfrentado como pauta legítima do Legislativo. “Ou vocês querem pautar a anistia até outubro do ano que vem? Ou acham que pessoas presas em celas de três por três, com traficantes e homicidas, sem nunca terem passado perto de uma delegacia, não estão sendo injustiçadas?”, questionou.
Por fim, Zucco afirmou que não defende a aprovação automática da anistia, mas que o tema deve ser submetido ao plenário. “Nós não estamos pedindo para que se aprove. Estamos pedindo que o plenário, que custa caro, exerça seu papel democrático”, disse. Segundo ele, cabe ao Congresso dar a palavra final sobre a questão, em respeito à vontade popular e à representatividade dos parlamentares.
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