Os presidentes do Brasil e dos Estados Unidos, Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump, se encontraram no domingo (26/10), em uma cúpula da Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean) sediada na Malásia. A reunião resultou na icônica foto do aperto de mão entre os presidentes, que se tornou a publicação do petista com maior engajamento nas redes sociais.
A foto foi curtida por mais de 1 milhão usuários do Instagram e a confortabilidade de Lula durante o encontro chamou atenção dos internautas. Uma das imagens mostrava o presidente brasileiro sentado despojadamente com as pernas cruzadas, enquanto os outros presentes pareciam tensos. No entanto, segundo a psicóloga Kassiana Pozzatti, a linguagem corporal também deve ser analisada levando em consideração os cargos dos envolvidos e os assuntos abordados.
“Quando há políticos envolvidos e com assuntos de relevância geopolítica e econômica, faz-se necessário parcimônia ao analisar a linguagem corporal, pois o que pode ser percebido como segurança por alguns pode ser entendido e recebido como deboche ou mesmo descaso por outros”, esclarece.
Geralmente, grandes chefes de Estado são sempre muito bem preparados por equipes compostas de diversos profissionais, inclusive especialistas da mente humana e da linguagem corporal. Pozzatti afirma que o cargo de Trump exige preparos especiais antes de qualquer grande evento e fotografias. “Há orientações formais do que dizer e de como demonstrar o que é dito. Não se espera de um presidente de uma superpotência nada menos do que a segurança ao representar e defender o seu país e o seu povo. Dessa forma, ele (Trump) não demonstrou nem tensão e nem defensividade aleatórias”, explica.
Relaxado e sorridente, Lula reflete confiança e abertura, o que Kassiana Pozzatti aponta como bagagem cultural e responsabilidade de posição política. "Há, porém, pessoas que recorrem ao sorriso exatamente quando estão nervosas e inseguras", contrapõe. "A neutralidade da linguagem corporal seria o ideal. Mas, antes de serem chefes de estado, são seres humanos."
Em suma, a especialista descreve o aperto de mão entre os dois líderes como um símbolo de diplomacia respeitosa. “Trump é um empresário, negociador e político muitíssimo experiente. Sua preparação para reuniões como essas acontecem há longos anos. Mesmo assim, não devemos esquecer de que ele é um ser humano e que, em alguns momentos, poderá deixar o seu inconsciente falar mais alto do que suas falas elaboradas pelo consciente”, acrescenta.
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O contato visual entre Trump e Lula ainda reforça uma percepção de parceria. Para a psicóloga, desviar o olhar pode mostrar desinteresse, descaso e até desrespeito.
Diplomacia: Brasil x EUA
Os presidentes enfim se reuniram presencialmente no domingo (26/10), em Kuala Lumpur, na Malásia. O encontro tratou das tarifas de 50% aplicadas pelos EUA sobre produtos brasileiros, das sanções contra autoridades do Brasil, da crise venezuelana e de temas da relação bilateral.
Segundo o chanceler Mauro Vieira, Lula entregou uma lista de reivindicações, incluindo a suspensão imediata do tarifaço e das sanções. O presidente demonstrou otimismo e disse acreditar que um acordo será fechado “nas próximas semanas”. Lula afirmou que, se necessário, ligará diretamente para Trump ao longo das negociações. “Se depender de mim e dele, vai ter acordo”, declarou.
As conversas comerciais começaram na segunda, com a ida de representantes dos dois países a Washington. A delegação brasileira terá o vice-presidente Geraldo Alckmin, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
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