DIREITO DAS MULHERES

Macaé Evaristo defende cotas no Parlamento e financiamento justo

Ministra dos Direitos Humanos critica desigualdade no financiamento de campanhas e diz que só haverá representatividade real quando mulheres ocuparem espaços na política e no Estado

"É muito duro ver mulheres potentes, que já se elegeram, chegarem no momento do financiamento da campanha e terem que ficar rastejando", disse Macaé. - (crédito: Danandra Rocha/CB/D.A. Press)

A ministra dos Direitos Humanos e da Cidadania, Macaé Evaristo, discursou nesta segunda-feira (24/11) no evento “Democracia: Substantivo Feminino”, no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Falando sem rodeios, ela expôs a realidade enfrentada por mulheres que tentam disputar eleições no Brasil, mesmo aquelas já testadas nas urnas.

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“É muito duro ver mulheres potentes, que já se elegeram, chegarem no momento do financiamento da campanha e terem que ficar rastejando, mendigando pelo efetivo financiamento”, afirmou. Segundo ela, além da falta de critérios claros, há uma insegurança permanente: “A cada processo eleitoral são novas regras, novos critérios”.

Macaé insistiu em um ponto central: sem financiamento público, mulheres de origem popular simplesmente não conseguem se eleger. “Nós somos mulheres trabalhadoras do povo, professoras, assistentes sociais. Não temos grana para fazer uma campanha política se não tiver financiamento público”, disse, olhando para outras participantes que compartilharam a mesma trajetória.

Embora reconheça que mulheres não devem ser tratadas como minoria, a ministra defende abertamente a adoção de cotas no Parlamento, assim como no serviço público, no Judiciário e em outras instituições. Ela lembrou a luta histórica pelas cotas raciais nas universidades: “Enquanto nós não fizemos cotas para as instituições de ensino superior, nós não mudamos a realidade das universidades brasileiras”.

Para ela, o mesmo vale para a política institucional: “Nós precisamos de cotas para as mulheres no Parlamento. (…) Não adianta: somos 52%, 53% da sociedade. Queremos olhar para a Câmara, para o Congresso, para as Assembleias e nos vermos nessa proporção”.

Mais mulheres em cargos estratégicos

A ministra também ressaltou a importância de ampliar a presença de mulheres em cargos públicos estratégicos, para que pautas centrais ao país tenham a perspectiva feminina, especialmente a das mulheres negras. “Não adianta só a gente ser eleita deputada. Adianta ter gente com a gente, defender nossas pautas, nossos temas, nossa percepção", disse.

Macaé também destacou à 2ª Marcha Nacional das Mulheres Negras por Reparação e Bem Viver, que ocorrerá nesta terça-feira (25). Mulheres negras de todo o país devem ocupar a Esplanada no enfrentamento ao racismo. A concentração está marcada para 8h30, no Museu Nacional, de onde as manifestantes seguirão em direção ao Congresso Nacional.

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postado em 24/11/2025 12:37
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