
Em um discurso longo, emotivo e marcado por referências históricas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) encerrou nesta segunda-feira (24/11) o encontro empresarial Brasil–Moçambique com um recado direto ao setor privado: o Brasil quer voltar a investir no continente africano — e espera que os empresários brasileiros embarquem nessa retomada.
Diante de representantes de grandes companhias brasileiras, ministros e autoridades moçambicanas, Lula afirmou que o país tem uma “dívida histórica de 350 anos de escravidão” com a África, que não pode ser paga em dinheiro, mas com amizade, solidariedade e transferência de tecnologia.
Lula relembrou que, durante seus primeiros mandatos, o Brasil ampliou sua presença no continente, com obras de infraestrutura, projetos sociais, universidades, cooperação em saúde e a abertura de 19 embaixadas. Citou ainda a atuação de empresas de engenharia e da Petrobras, que, segundo ele, chegaram a estar presentes em quase todos os países africanos.
O presidente lamentou que essa presença tenha sido “destruída” nos últimos anos, com o enfraquecimento de empresas brasileiras e a retirada da Petrobras da África. Ele defendeu a reconstrução dessa relação e afirmou que seu governo passou “dois anos recuperando o país, o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e a credibilidade internacional”.
Presença de estatais na África
Ao lado de ministros e representantes de estatais, Lula destacou que Embrapa, Fiocruz, Petrobras e BNDES terão papel central na retomada da cooperação com Moçambique. A Embrapa, disse ele, é “uma das responsáveis pela revolução agrícola brasileira” e deve contribuir para desenvolver a savana africana com tecnologias adaptadas ao continente.
A Petrobras, por sua vez, foi citada como parceira essencial para explorar o gás moçambicano: “Nada impede que a Petrobras mande sua engenharia de perfuração para que a gente comece a tirar gás e ajudar Moçambique a se desenvolver”.
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O presidente também sinalizou a intenção de recolocar o BNDES no financiamento de exportações e projetos de infraestrutura no exterior — algo que ele considera indispensável para que empresas brasileiras voltem a competir no continente.

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