Entrevista

"Crime organizado está avançando muito", alerta deputado Alberto Fraga

Ao CB.Poder, o deputado federal Alberto Fraga (PL-DF) afirmou que será candidato ao Palácio do Buriti mesmo que, para isso, mude de partido. Ele também criticou a proposta de combate à violência em tramitação no Congresso

"Nós não podemos legislar sobre segurança pública por espasmos. Quando acontece um caso grave, o Congresso se mobiliza, daqui a dois meses ninguém fala mais sobre o assunto" - (crédito: Minervino Júnior/CB)

Por Laíza Ribeiro — O deputado Alberto Fraga (PL-DF) foi o convidado ontem do CB.Poder — parceria do Correio com a TV Brasília. Às jornalistas Adriana Bernardes e Sibele Negromonte, ele afirmou, nesta terça-feira (19/8), que será candidato ao governo do Distrito Federal. Ele criticou a PEC da Segurança, que tramita no Congresso Nacional, e comentou sobre a pauta da adultização, que está em discussão.

Um tema importante para o país é a PEC da Segurança Pública, que está no Congresso esperando a instalação de uma comissão especial e isso ainda não aconteceu. Em que pé está isso? 

Todos sabem que essa PEC da Segurança que o governo federal vendeu como a solução dos problemas do nosso país, quando chegou na Câmara, a gente analisou e viu que ela não traz absolutamente nada de novo, nada de inovador. Não tem um artigo, um parágrafo que trate do combate ao crime organizado, que é a grande preocupação de todos nós hoje no país. O crime organizado está avançando muito e essa PEC, em vez de trazer algumas medidas que pudessem resolver essa questão, não traz absolutamente nada. Por exemplo, primeira medida, uma verba carimbada para a segurança pública. Já que se fala tanto em recursos, e que em qualquer pesquisa de opinião pública é o assunto mais recorrente, por que, já que tem uma verba carimbada para a saúde e para a educação, por que não colocar um percentual para a Segurança Pública? 

Gostaria que o senhor falasse sobre a questão da adultização, que vai ser votada. 

Nós não podemos legislar sobre segurança pública por espasmos. Quando acontece um caso grave, o Congresso se mobiliza, daqui a dois meses ninguém fala mais sobre o assunto. É o que vai acontecer de novo com essa questão da denúncia do Felca. Eu não dou um mês para o assunto morrer. Segurança pública, quando matam alguém de nome, alguém que tenha projeção nacional, é um tumulto dentro do Congresso Nacional. Passa um mês, não se fala mais no assunto. Enquanto isso, nós temos um Código de Processo Penal de 1940. Temos que ter uma atualização do nosso ordenamento jurídico. Enquanto isso não for feito, nós vamos continuar enxugando gelo.

E quanto às eleições? O senhor é candidato ao GDF? 

Eu estou conversando com alguns partidos. Já fui candidato, vocês acompanharam que eu perdi a eleição de 2018 por uma condenação injusta, faltando quatro dias para a eleição, eu em primeiro lugar na pesquisa. Então, se esses partidos entenderem que meu nome é um bom nome para disputar o governo, eu não tenho dúvida. Sou muito amigo, gosto muito da Celina (Leão). Agora, eu não posso permitir que o governador Ibaneis (Rocha) se perpetue no poder como ele quer. Porque a indicação dele de um vice-governador, amigo pessoal dele, é porque ele quer voltar em 2030.

Mas aí vai ter que ter uma articulação grande com a direita. O senhor teria que sair do PL?

Eu teria que sair do PL, porque eu sinto que hoje o PL não tem esse mesmo entendimento. Hoje, com a candidatura da Michele (Bolsonaro) ao Senado, mas ela declarou que não tinha nenhum acordo com o Ibaneis (Rocha). Eu acho que a Bia Kicis é uma candidata fortíssima para o Senado e parece-me que o PL está criando caso. Então, eu acho que quem tem que decidir essas coisas é o povo. Se meu nome tiver um bom recall, ou tiver pelo menos alguma expectativa nas pesquisas... Meu nome nunca entrou numa pesquisa para governador. Nunca entrou. Então, o que eu sei é que na pesquisa estimulada o meu nome aparece. O Ibaneis tinha 1,5% e se tornou governador. Então, eu estou aguardando alguns partidos para a gente conversar. Se eu tiver um bom tempo de televisão, tiver recursos, que são necessários. E estou disposto, sim, a enfrentar um milionário, Ibaneis. 

O senhor teve duas emendas cuja execução está sendo investigada. Uma delas é a Tenda , de R$ 10 milhões, e a outra, de R$ 26 milhões, que, segundo se noticiou, é para uma ONG com sede em Alagoas. 

A Tenda foi um projeto feito em parceria com a Secretaria de Saúde e o Hospital São Mateus. Escolhia cinco cidades carentes do Distrito Federal com atendimento em cinco especialidades e as pessoas que não conseguissem um atendimento na rede pública iriam para essa tenda. Isso foi feito pela secretaria. Na semana passada, para surpresa minha, veio uma comunicação dizendo que a emenda apresentou problemas na execução e teria que se devolver R$ 6 milhões. O parlamentar destina a emenda para você trabalhar aquela emenda. Se quem vai executar a emenda praticar um ato ilícito, o deputado não tem nada a ver com isso. A responsabilidade é de quem fiscalizou, é de quem aprovou o projeto, e não do parlamentar, que apenas destinou aquele recurso. Sobre a outra emenda, o projeto era para capacitar, zerar a fila de mamografia das mulheres, capacitação das mulheres. A ONG que ia implementar esse projeto tem sede em Alagoas, mas todos os recursos seriam aplicados no DF, para beneficiar as mulheres que moram aqui. A grande verdade é que o GDF pediu essa emenda.

Veja a entrevista:

*Estagiária sob a supervisão de Malcia Afonso

 

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postado em 20/08/2025 05:00
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