
A intolerância esportiva deixou um homem de 34 anos morto no Distrito Federal. Torcedor do Vasco, Eumar Vaz, funcionário de uma madeireira, foi assassinado em um ato covarde ao ser espancado e esfaqueado por, ao menos, 10 torcedores do Flamengo, dentro de um ônibus, em Samambaia Sul. O crime brutal ocorreu após a partida entre os dois times, que resultou no empate por 1x1, no último domingo.
A exemplo de milhões de torcedores, Eumar, que também era conhecido como Dark, reuniu-se com amigos na sede da Força Jovem do Vasco, torcida organizada do time carioca, no Guará, para assistir à 24ª rodada do Campeonato Brasileiro. O clássico entre os dois times parou Brasília. Com os olhares atentos, flamenguistas e vascaínos viram os dois times empatarem.
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Após a partida, Eumar embarcou em um ônibus para Samambaia. De lá, pegou outro coletivo, da linha 812.1, para o Recanto das Emas. O destino final seria a casa dele, no Riacho Fundo. Mas Eumar teve a vida interrompida de maneira trágica.
O crime
As investigações da Polícia Civil tentam elucidar a dinâmica do crime. As informações preliminares dão conta de que Eumar vestia a camiseta da torcida do Vasco. Ao entrar no ônibus, foi surpreendido pelos torcedores do time rival, que queriam obrigá-lo a tirar a camisa. Ele teria se negado e, como retaliação, começaram a espancá-lo.
Foram socos, murros e chutes numa escalada de violência que o cobrador e o motorista não conseguiram impedir. A ação foi filmada por testemunhas. O vídeo flagra três homens com pedaços de madeira nas mãos, tentando puxar a camisa de Eumar.
A vítima foi esfaqueada duas vezes: no peito e no braço. Uma outra filmagem mostra como ficou o ônibus depois do ataque, com manchas de sangue nos bancos, na roleta e próximo à cabine do motorista. Os flamenguistas desceram do coletivo e fugiram a pé. Até o fechamento desta edição, ninguém havia sido preso.
Militares do Corpo de Bombeiros foram acionados e socorreram o rapaz. Ele foi levado ao Hospital Regional de Ceilândia (HRC) e passou por cirurgias, mas não resistiu aos ferimentos.
Luto
A notícia da morte foi divulgada pela página Força Jovem do Vasco, torcida organizada da capital, da qual Eumar fazia parte. "A covardia que vocês fizeram ultrapassa todos os limites de ideologia de torcida!! Um mlk (sic) novo, cheio de sonhos, com filho pequeno para criar, teve sua jornada interrompida sem explicação", diz a publicação.
A torcida ressaltou que não compactua com nenhum tipo de violência e se referiu aos agressores como "criminosos disfarçados de torcedores". Colegas comentaram a postagem, chamando o ato de "selvageria" e "covardia".
A ex-companheira de Eumar Vaz, Gabriela Mansano, 28, mãe do filho do torcedor do Vasco da Gama, Laion Marsano, 3, relatou a dor da perda. Ela enfatizou que a lembrança que fica é a de um homem dedicado aos filhos e apaixonado pela equipe cruzmaltina.
"Eumar era um cara tranquilo, observador e sempre na dele. Amava maratonar os vídeos dos canais Paulinho Loko e Xracing. A maior paixão dele sempre foi o Vasco da Gama. Nada mais satisfatório para ele do que estar reunido com a galera em dia de jogo", lembrou.
De acordo com ela, apesar da vida corrida, a dedicação de Eumar à paternidade era inquestionável. "A relação dele com nosso filho sempre foi tranquila, nunca mediu esforços para estar com ele, cuidando ou participando de algo. Um paizão, sempre!", relatou.
O casal viveu junto por oito anos. Segundo Gabriela, além da paixão pelo time, o torcedor se destacava pela solidariedade. "Era um cara prestativo, sempre disposto a ajudar", afirmou.
Kellyane Alves, 40, irmã de Eumar, disse que o irmão tinha um coração muito bom e era apaixonado pelo time. Ela contou que se lembrará do caçula como um menino que não tinha maldade nenhuma. "Não fazia mal a ninguém, fazia trabalho solidário com a torcida, incentivava e colocava as pessoas para cima. Era aquele torcedor de verdade", afirmou.
Uma amiga de Eumar, que não quis se identificar, contou que conheceu o rapaz na sede da torcida organizada do time no DF. Ela ressaltou que o vascaíno será lembrado como uma pessoa companheira e leal. "Dark deixa o maior legado, que é a honra. Muitas pessoas irão postar mensagens de saudades, porque ele era admirado por todos", declarou.
Memória
Setembro de 2025
Um adolescente foi esfaqueado em frente ao Centro Educacional 01, do Riacho Fundo II. O conflito entre a vítima e outro menor de idade começou durante a saída de alunos, por causa de uma fita identificada como da torcida organizada do Flamengo. O fato ocorreu em frente a uma padaria da região, que fica perto da escola. O agressor se enfureceu ao ver o item com o jovem e, durante a briga, atacou a vítima com um canivete, causando duas perfurações na região do abdômen. A vítima sobreviveu.
Março de 2015
Diego Henrique Vicente Silva, 19, torcedor da Facção Brasiliense, foi assassinado a tiros dentro do Centro Educacional 6 de Taguatinga Norte. O suspeito, de 17 anos, era rival e integrava a organizada Ira Jovem Gama.
Setembro de 2020
Johnathan Diogo de Oliveira, 22, também membro da Facção Brasiliense, foi morto ao ser baleado por uma pessoa ligada à organizada do Gama, em uma quadra de esportes, na QNM 40 de Taguatinga Norte. A motivação foi a rivalidade entre as organizadas.
Na bola e na bala
Em março do ano passado, o Correio publicou a série Na bola e na bala, na qual revelou o submundo real e virtual de uniformizadas dos clubes mais populares da capital. A produção, dividida em quatro reportagens, contou como os criminosos se infiltram nos grupos e, rapidamente, são empoderados para a prática da violência. Além disso, colheu depoimentos de quem se arrependeu da violência e trouxe à tona histórias de jovens que tiveram as vidas perdidas pela brutalidade e a rivalidade entre membros das própria torcida.
Saiba Mais
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Frase
"A maior paixão dele sempre foi o Vasco da Gama. Nada mais satisfatório pra ele do que estar reunido com a galera em dia de jogo", Gabriela Mansano, ex-companheira
Cidades DF
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