Religião

Exposição na Catedral apresenta imagens que unem fé, esperança e missão

Exposição "Igreja e Brasília — 65 anos caminhando juntas" reúne mais de 90 fotografias que resgatam a trajetória da Igreja na capital, como a construção da Catedral, desde os sonhos de Dom Bosco até os dias atuais

 
 -  (crédito: Fotos: Ed Alves CB/DA Press)
- (crédito: Fotos: Ed Alves CB/DA Press)

A Catedral Metropolitana de Brasília inaugurou, nessa quinta-feira (2/10), a exposição Igreja e Brasília — 65 anos caminhando juntas, que celebra a história de fé, cultura e pertencimento que une a Igreja à capital desde os sonhos de Dom Bosco até os dias atuais. Com mais de 90 fotografias, a mostra ocupa 70 metros lineares no espaço que conecta a Catedral ao Auditório da Cúria. O acervo reúne registros do Arquivo Público do Distrito Federal, das agências Brasil e Brasília, do Correio, além de imagens de fotógrafos profissionais.

A curadoria é assinada por Tactiana Braga e foi inspirada no livro de dom Raymundo Damasceno, dedicado à história da Igreja em Brasília, e na Carta Episcopal de dom Paulo, documento em que o arcebispo apresenta seu projeto de governança para a arquidiocese e ressalta a importância de "caminhar juntos".

"Um exemplo marcante é a imagem de um cruzeiro fincado quando Brasília ainda nem existia, revelando que, antes mesmo da cidade, a Igreja se fazia presente na história e na esperança de um projeto de lugar", destacou Tactiana. Segundo ela, o objetivo não foi apenas valorizar os primeiros padres ou bispos, mas mostrar a profunda relação construída entre a Igreja, a capital e o povo, dia após dia.

A curadoria é assinada por Tactiana Braga
A curadoria é assinada por Tactiana Braga (foto: Correio Braziliense)

O padre Agenor, pároco da Catedral, teve papel essencial no processo de curadoria, contribuindo com referências e apontando os caminhos conceituais da exposição. Para ele, a galeria foi pensada como uma linha do tempo que une fé, esperança e missão. "Nós pensamos juntos em homenagear o Jubileu de 65 anos da Arquidiocese de Brasília. Fomos amadurecendo a ideia e, pouco a pouco, tudo foi tomando forma até chegarmos à definição de como seria a galeria. Essa inspiração nasce da carta pastoral e também do desejo profundo de celebrar a nossa Arquidiocese neste momento tão especial", declarou.

O arcebispo de Brasília, cardeal dom Paulo Cezar, presente à inauguração, reforçou essa visão. Para ele, a Catedral é, antes de tudo, um monumento de fé, mas também um símbolo de Brasília e do Brasil. "Desejamos que quem aqui entre viva uma experiência de encontro com Deus, mas também com a cultura, a história e a arte, de forma leve e acessível. As imagens, datas e registros apresentados nesta galeria permitem que a memória se torne viva e que todos saiam daqui enriquecidos, mais alegres e com novo entusiasmo pela cidade e pelo país", afirmou.

De acordo com Tactiana, a importância da mostra é múltipla. Primeiro, porque abre ao público documentos e imagens raros que, de outro modo, permaneceriam restritos a caixas e arquivos de instituições como o Arquivo Público do DF, a Agência Brasília de Fotografia, a Agência Brasil e a própria Cúria. "A exposição presta o serviço de trazer a memória ao presente, estimulando a reflexão sobre o passado e a projeção para o futuro", observou.

Expressão

Outro aspecto relevante é a valorização da arte sacra moderna em Brasília. "Se o imaginário coletivo costuma associar arte sacra ao barroco, ao renascimento ou à Idade Média, a capital apresenta uma expressão contemporânea: está nos vitrais de Marianne Peretti, na arquitetura de Oscar Niemeyer e agora também nas fotografias que compõem a mostra", afirmou.

A exposição é, ainda, uma homenagem aos fotógrafos que registraram a vida da cidade e da Igreja ao longo das décadas, desde as primeiras imagens de um simples matagal até a documentação completa da construção e da vivência da capital. "Brasília talvez seja uma das primeiras cidades do mundo a ser integralmente fotografada, desde antes de sua fundação até os dias atuais — o que reforça seu caráter moderno também nesse aspecto", ressaltou Tactiana.

O engenheiro Rodrigo Ramiro, de 42 anos, que trabalha na restauração da Catedral, aproveitou a visita para conhecer a exposição. Ele considera a iniciativa fundamental, pois o templo é um dos pontos turísticos mais visitados de Brasília e, agora, ganha ainda mais significado ao eternizar registros e momentos da sua construção.

"Ao longo dessa linha do tempo, percebi quanta coisa eu não sabia sobre a história da Catedral e da presença da Igreja em Brasília. Desde a pedra fundamental até a construção em si, tudo carrega muito simbolismo. É gratificante ter contato com essa história e participar dessa experiência. O mais bonito é imaginar quantas outras pessoas que passarem por aqui também vão poder aprender, refletir e se encantar", afirmou.

Um dos momentos destacados por Tactiana e pelo arcebispo dom Paulo Cezar na linha do tempo foi a visita do papa João Paulo II a Brasília. "Ele foi o primeiro papa a peregrinar pelo mundo e iniciou sua viagem ao Brasil pela nossa capital". De acordo com a curadora, João Paulo II transformou a relação do Vaticano com os fiéis: viajava, abraçava crianças, aproximava-se das pessoas e foi o primeiro santo a pisar o solo de Brasília. "Um santo moderno, como a própria cidade moderna. Isso dá ainda mais beleza e significado ao que celebramos hoje", declarou.

Nesse momento, o arcebispo declarou sua intenção de complementar a exposição com uma vitrine contendo relíquias do Papa. "O que temos da visita de São João Paulo II, em 1980, são relíquias valiosas: paramentos, cálices e outros objetos que ficaram como memória desse momento histórico. A ideia é disponibilizar tudo isso à comunidade aqui, de forma acessível. Esse é o próximo passo, a continuação do trabalho e também o verdadeiro desafio", disse.

A iniciativa foi patrocinada pelas empresas Brasal e Bancorbrás, representadas no evento por sua gerente institucional, Laissa Alvim, e pelo diretor-presidente, Victor Marra, respectivamente. Ambos ressaltaram que a iniciativa da Catedral dialoga diretamente com instituições que possuem afinidade com a missão e os valores da Igreja Católica.

  • Padre Agenor: homenagem ao jubileu de 65 anos da Arquidiocese
    Padre Agenor: homenagem ao jubileu de 65 anos da Arquidiocese Ed Alves CB/DA Press
  • Dom Paulo Cezar: cultura, história e arte de forma leve e acessível
    Dom Paulo Cezar: cultura, história e arte de forma leve e acessível Ed Alves CB/DA Press
  • Rodrigo Ramiro:
    Rodrigo Ramiro: "Histórias da Catedral que eu não sabia" Ed Alves CB/DA Press

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postado em 03/10/2025 04:00 / atualizado em 04/10/2025 12:57
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