
Alto Paraíso (GO) – Basta chegar à Chapada dos Veadeiros para sentir que há algo diferente no ar. Não é só o cheiro do cerrado ou o brilho das estrelas nas noites sem poluição luminosa. Há uma energia que atrai curiosos, buscadores e viajantes em busca de algo maior. Foi nesse clima que o Correio percorreu a Rota Viva Veadeiros, um roteiro que propõe olhar para o território com outros olhos: menos turístico, mais espiritual.
Com uma curadoria que reúne sugestões de hospedagens acolhedoras, gastronomia de sabores genuínos do cerrado, terapias holísticas e experiências sensoriais, a iniciativa se despega do turismo tradicional e mostra outras maneiras de se conectar com a região. A ideia é descentralizar o olhar sobre o destino, ainda muito focado nas famosas cachoeiras e no ecoturismo, e valorizar a gastronomia local, a dimensão espiritual e as manifestações místicas que fazem parte da cultura local.
Para quem deseja explorar essa diversidade, o site da Rota Viva Veadeiros oferece um caminho completo para essa imersão de bem-estar, onde o visitante pode construir a sua programação.
A presidente da Associação dos Terapeutas da Chapada dos Veadeiros e taróloga, Marinice Vieira, destacou que a Rota Viva Veadeiros abrange corpo, mente, alma e espírito. Segundo ela, a proposta é criar um espaço onde visitantes possam se reconectar consigo mesmos e com a natureza, unindo todas as práticas terapêuticas existentes na Chapada.
"A Rota Viva Veadeiros é um destino onde o bem-estar é um dos maiores pilares. A ideia é unir tudo que é terapêutico na Chapada. Então, o visitante pode vir para fazer um retiro espiritual, ou trabalhos terapêuticos individuais, atendimentos especializados, além das aventuras na natureza", destacou ela, que, como taróloga, realiza consultorias de caminhos de vida, voltadas a orientar se a pessoa está seguindo sua missão, alinhada ao seu propósito e caminhando na direção certa.
A Associação Chapada dos Veadeiros está presente em todo o processo de seleção dos indicados para a construção desse roteiro. Com a missão de fomentar o turismo na região que possui cerca de 4,5 mil quilômetros quadrados em municípios como Alto Paraíso de Goiás, Cavalcante, Colinas do Sul, São João D’Aliança e Teresina de Goiás, a associação reúne hoje mais de 90 associados.
Entre eles estão terapeutas, guias, pousadas, restaurantes, cervejarias artesanais, fazendas com produção local, além de opções para aventuras radicais. Essa diversidade se combina para atrair quem busca autoconhecimento e conexão com o lugar.
Uma das opções é a visita à Fazenda Volta da Serra, administrada por Lauro Jurgeaitis, presidente da Associação Veadeiros. Produtor local de mel e café, Lauro transformou a propriedade em um espaço de vivências integradas à natureza, onde o visitante pode conhecer de perto o processo de produção e se conectar com o ambiente de forma sensorial. O local abriga cinco cachoeiras, o que torna a experiência ainda mais completa para quem busca turismo de bem-estar.
“A experiência é agendada. Nós temos a visitação às cachoeiras, um deguste do café e mel, e as experiências do cotidiano, como o avistamento de aves, que é uma experiência de saúde, conexão e aprendizado. Há também placas de identificação nas árvores, que é ótimo para quem têm memórias afetivas poder colher a fruta do pé”, contou Lauro.
Em termos de hospedagem, a Fazenda São Bento e a Casa Rosa estão entre as várias opções de descanso que oferecem contato direto com a natureza e com os animais. As araras, presença constante que colorem o céu da Chapada, costumam encantar os visitantes, e às vezes até servem como despertador natural pela manhã.
Gastronomia
No Cerrado, é comum encontrar os sabores típicos da região em diversas preparações culinárias. Frutas como mangaba, cagaita, jatobá, pequi e buriti aparecem em sorveterias como a Orangotango Sorvetes, sucos e pratos principais de diversos estabelecimentos, trazendo o sabor da paisagem para o prato.
É lá que está localizada a primeira Risoteria do país, a Risoteria Santo Cerrado, na Vila São Jorge, com criações de pratos memoráveis, como o risoto de jabuticaba, o de pêra com gorgonzola e o de maracujá do Cerrado com salmão.
O proprietário Alexandre Cardoso Chaves conta que a Risoteria está prestes a completar duas décadas de existência, marcando memórias para os visitantes. “A proposta do Santo Cerrado surgiu de unir a alta gastronomia italiana aos sabores do Cerrado. Todos os nossos pratos carregam um pedacinho daqui. Parte dos recursos da casa é destinado à Associação Cerrado Pé, que trabalha com o replantio de espécies nativas”.
“Antes, nesta área existia a extração de cristais. O antigo proprietário percebeu que as pessoas vinham e levavam um pedacinho de cristal daqui. Então, ele decidiu cobrir toda a propriedade com terra e pedras, para que, ao jantar aqui, vocês estivessem literalmente sobre cristais. É por isso que a energia daqui é diferente”, completou Alexandre.
Autoconhecimento
Para atrair quem busca autoconhecimento e conexão com o lugar, existem diversas terapias que funcionam para diferentes questões. Uma das opções é a aromaterapia, realizada por Claudia do Valle, que há 27 anos pesquisa e desenvolve os Florais do Cerrado, uma linha de essências que atua no campo energético e emocional das pessoas, tratando a ansiedade, estresse, insônia, humor, libido
"Os florais servem para alinhar e harmonizar o nosso duplo etérico, pois a doença antes de aparecer no corpo físico, ela se estabelece no nosso corpo energético. O floral vai atuar no duplo etérico, no corpo emocional, no corpo mental e na nossa reconexão com a essência da alma". Com essências que tratam a ansiedade, estresse, insônia, humor, libido, menopausa e mais diversos sintomas.
Claudia acredita que a cura começa quando o indivíduo retoma o contato com a própria essência. "A doença está nos avisando que estamos desconectados de nós. Assim, eu desenvolvi vários tipos de florais. Eu queria levar para as pessoas uma maneira de cura sem precisar fazer uma sessão terapêutica com alguém, por meio da perfumaria, tanto com florais quanto com cristais".
Outra abordagem presente na rota é a hipnose terapêutica, conduzida pela terapeuta Cristiane Tavares, que busca desmistificar o processo. "Existem muitos mitos sobre hipnose. A gente conhece muito aquela hipnose de palco, que não tem nada a ver — essa é uma hipnose terapêutica. A hipnose é um estado natural do ser humano, um estado de foco e relaxamento, em que a pessoa fica consciente", explica. Segundo ela, o método tem auxiliado especialmente quem sofre com ansiedade. "Alguns, enxergam mudanças na primeira sessão. A pessoa precisa querer e estar disposta a ter esse relaxamento", completa.
Há quem acredite que os cristais presentes no solo da região potencializam o poder de cura. Entre as experiências oferecidas, há a terapia de consciência energética, conduzida por Patrícia Lima, que utiliza cristais, aromas e leitura intuitiva para acessar o campo vibracional do paciente. "Através do uso dos cristais, aromas e leitura intuitiva, realizo uma leitura do campo energético e trago informações sobre como as energias estão influenciando a sua vida", conta.
A terapeuta holística Izamara Meyer também faz parte desse circuito de autocuidado e oferece sessões de limpeza energética com cones chineses, técnica usada para remover energias negativas e equilibrar os chakras. "Quem vier à Chapada e participar da Rota encontrará diversas oportunidades de autoconhecimento, autocura e autotransformação", afirma.
Apoio
Um dos principais apoiadores do projeto é o Sebrae-GO, que tem investido na estruturação e promoção da rota de bem-estar da Chapada dos Veadeiros. A coordenadora estadual de turismo do Sebrae-GO, Priscila Vilarinho, destacou que o objetivo é fortalecer a identidade do destino para reconhecimento no mercado nacional e internacional.
“Nós formatamos essa rota de bem-estar para embalar o que esse território tem de diferencial competitivo em relação a outras Chapadas do Brasil. Estamos trabalhando para consolidar esse posicionamento no mercado, como a maior rota de bem-estar do país e, futuramente, do mundo. Fizemos uma curadoria das experiências e atrativos turísticos da região e criamos um catálogo para apresentar em feiras de turismo”, afirmou Priscila.
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