
"Brasília foi presenteada com o espírito do cinema, não do projeto industrial, mas da visão cultural dos filmes", destacou, certa vez, ao Correio, o diretor Vladimir Carvalho, morto em 24 de outubro do ano passado. Tido como um "professor generoso" por um ex-aluno, o consagrado José Eduardo Belmonte, o diretor paraibano Vladimir Carvalho seguirá repassando, por meio de suas produções, os vastos conhecimentos sobre o fazer cinematográfico. Duas iniciativas, nesta semana, celebram o mestre, ambas com entrada franca: uma no CCBB e outra na sala de projeção da capital que leva o nome dele (no Cine Brasília).
"Vladimir abriu portas na cidade, batalhando com muito custo. O modo de produção dos filmes do Vladimir, que vem de um período com recursos difíceis, à época da película, o obrigava a usar bem mais a criatividade", pontuou Marcio de Andrade, à época do lançamento do longa Quando a coisa vira outra, em 2022, na época em que conta de amarrar pontas da vida e obra de Vladimir, sob testemunho ativo do irmão dele, o cineasta e diretor de fotografia Walter, responsável por imagens de clássicos como Central do Brasil e Carandiru.
Uma década depois de celebrações conjuntas entre os irmãos (homenageados no 48º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro), Walter voltou ao Cine Brasília para o velório. À época, revelou: "Fiquei órfão — Vladimir era meu irmão mais velho e me aplicou a dependência desta substância chamada cinema, e com a qual sigo exercitando".
Na próxima sexta-feira, Walter Carvalho, dentro da programação do 10º Festival Cinema e transcendência, às 18h, no CCBB, fará a master class A estética do afeto na construção de uma obra. Sob constante aprendizado, desde que Vladimir lhe apresentou o curta-metragem O balão vermelho (de Albert Lamorisse), Walter repassará conceitos fixados pelo irmão. Na sequência, o evento faz a exibição de Homem de Areia, filme de Vladimir, lançado em 1982, e que revê a Revolução de 1930.Pontualmente, na fita, o revolucionário José Américo de Almeira (escritor do clássico A bagaceira) contribui para elencar fatores que levaram à queda do Estado Novo de Getúlio Vargas.
Entre as certezas de Vladimir, estavam a de que (como disse, quando da morte do amigo e parceiro artístico Eduardo Coutinho) "no documentário, você não pode falsear". Com esse ideal, a repórter Márcia Zarur captou a última entrevista de Valdimir Carvalho, transformada no curta-metragem Vladimir Carvalho, cinema e memória. O filme, a ser visto na presença de Walter Carvalho, será mostrado, amanhã, às 19h, no Cine Brasília, com entrada franca. Mais um ponto para a arte do eterno realizador de filmes como O país de São Saruê, Barra 68, Conterrâneos velhos de guerra e Rock Brasília — Era de ouro.
Festival Internacional Cinema e Transcendência
De hoje a 16 de novembro, no CCBB (SCES, Tr. 2, 3108-7600), com ingressos (de graça), mediante retirada no site https://ccbb.com.br/brasilia
Siga o canal do Correio no WhatsApp e receba as principais notícias do dia no seu celular
Saiba Mais

Cidades DF
Cidades DF
Cidades DF
Cidades DF
Cidades DF