
Na televisão como Raquel em Vale Tudo, a atriz Taís Araújo falou sobre derrocada da personagem e revelou estar “triste e frustrada" com os rumos da trama em entrevista à Quem. Na última semana, a trama repercutiu nas redes com críticas à autora Manuela Dias após a personagem perder o restaurante que administrava e ter que voltar a vender sanduíches na praia.
O declínio acontece quando a vilã Odete Roitman compra as ações da irmã, Celina Junqueira, no restaurante Paladar e resolve encerrar a empresa. Sem o negócio e cheia de dívidas dos empréstimos que pegou para a abertura do local, Raquel é obrigada a trabalhar como ambulante novamente. Essa trama, no entanto, não existia na versão original da novela, em que a personagem então interpretada por Regina Duarte cresce e próspera como empreendedora.
"Esse momento da Raquel voltar a vender sanduíche na praia, confesso que recebi com um susto. Porque não era a trama original. Então, para mim, a Raquel ia numa curva ascendente. Quando vi aquilo, falei: 'Ué, vai voltar para a praia, gente'”, comentou Taís.
Ela admitiu que tem acompanhado as críticas do público e que concorda com os apontamentos. "Gostaria muito mesmo que a batalha que ela tivesse, o conflito em si, fosse de outra ordem. Conflitos éticos com Odete, por exemplo. E aí quando não tem, a gente tem que lidar com o que tem. E o que tem é isso", comentou.
A atriz revelou que aceitou o papel por querer levar uma nova representação da mulher negra que tem uma ascensão social e prospera por meio do trabalho, diferente as narrativas comumente exploradas na televisão: "é urgente que a gente se veja nesse lugar. E acho que a Raquel tinha todas as possibilidades da gente contar essa nova narrativa dessa mulher”.
"Quando peguei a Raquel para fazer, falei: 'Cara, a narrativa dessa mulher é a cara do Brasil. E ela vai ter uma ascensão social a partir do trabalho. Vai ser linda e ela vai ascender e ela vai permanecer'. Isso vai ser uma narrativa muito nova do que a gente vê sobre representação da mulher negra na teledramaturgia brasileira”, contou. “Quando vejo que isso não aconteceu, como uma artista que quer contar uma nova narrativa de país, e a dramaturgia proporciona isso, confesso que fico triste e frustrada”.
Sem citar nomes, a artista conta que não teve escolha a não ser “lidar com a realidade” que coube a ela como uma intérprete de uma personagem que não é escrita por ele. Apesar da frustração, ela comentou que acredita na força da personagem e no que ela representa para milhares de mulheres, mas preferia que os dilemas de Raquel fossem outros na reta final da novela. “Eu gostaria muito que a Raquel tivesse uma curva ascendente, poderosa, que a batalha dela fosse outra e não a batalha pela sobrevivência", comentou.
“Está na hora da gente ver a população negra nesse lugar. A vida do empreendedor não é fácil. Mas a gente conhece muitas histórias de sucesso. E para além das histórias que a gente conhece, a ficção, ela serve para a gente se sentir possível, para sonhar. Ela tem um trabalho de responsabilidade, sim, na construção da narrativa, de um país. E como o país entende um povo. Então, acho que é sobre isso também", destaca.
Críticas de longa data
Na internet, a novela das nove recebeu uma série de críticas que destacam a incoerência com a novela original e falhas no roteiro. “A Raquel era dona de uma empresa bem sucedida, venceu um reality culinário e não consegue UM emprego em um restaurante no Rio”, escreveu um internauta.
a raquel era dona de uma empresa bem sucedida, venceu um reality culinário e não consegue UM emprego em um restaurante no rio #ValeTudo pic.twitter.com/yixjEtSx3B
— luan (@luanziie) August 26, 2025
Já o colunista Chico Barney, conhecido por comentários sobre novelas e programas de TV, chamou a trama de “novela do Kwai” para alegar falta de coerência e ritmo apressado da trama. A velocidade dos acontecimentos em Vale Tudo tem sido um dos alvos de críticas nas redes sociais.
Mas não é só a falta de coerência que tem incomodado. Muitos comentários acusam Manuela Dias de criar derrocadas para personagens negros. “Manuela Dias repete o mesmo padrão problemático de Justiça 1: derrubar personagens negros enquanto brancos aparecem como salvadores”, diz um dos posts.
Em 2025 é inadmissível Vale Tudo mostrar Raquel, mulher negra perdendo tudo novamente. E tudo indica que a Celina irá ajudar. Manuela Dias repete o mesmo padrão problemático de Justiça 1: derrubar personagens negros enquanto brancos aparecem como salvadores. #ValeTudo pic.twitter.com/WF9EfvpDiV
— Douglas Carvalho (@junyorcarvalho2) August 26, 2025
A narrativa citada pelos internautas pode aparecer nos próximos capítulos. Segundo o Notícias da TV, Celina deve comprar o imóvel onde funcionava o restaurante e entregar para Raquel.
Não é a primeira vez que Manuela Dias é colocada na posição de “romantização” da pobreza e do sofrimento de personagens negros, que por vezes perdem tudo na trama. Outra personagem de Taís Araújo passou por trama semelhante em Amor de Mãe (2020-2021), outra novela da autora. Na história, a personagem Vitória, uma advogada renomada, precisa largar a profissão após romper com um cliente poderoso e vira costureira. Ela consegue se reerguer somente após a ajuda do personagem Raul, de Murilo Benício.
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Na mesma novela, a atriz Jéssica Ellen, que interpretava a professora Camila, criticou Dias pelo tratamento dado a personagens negros. “Parem de nos matar na vida e na dramaturgia", escreveu a artista em um story no Instagram, postagem que foi interpretada pelos usuários como indireta para a autora. A trama interpretada por Jéssica foi criticada na época pelo sofrimento excessivo passado pela personagem, que sofreu um aborto, perdeu a capacidade de engravidar e ficou paraplégica em um acidente. O caso também foi relembrado pelos internautas.
certa foi a jessica ellen em ter esculachado essa desgraçada racista e não querer mais trabalhar c ela. espero que a tais acorde pra essa situação, não é a primeira vez e não vai ser a ultima! https://t.co/CDD1yMyyMN
— lau (@alterfosters) July 22, 2025
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