
Fernanda Montenegro tinha 36 anos quando subiu pela primeira vez ao palco do Cine Brasília para receber o prêmio de Melhor Atriz pelo longa A falecida, a adaptação icônica de Leon Hirszman para o clássico de Nelson Rodrigues. Aquela primeira edição do festival criado por Paulo Emílio Sales Gomes ainda era chamada de Semana do Cinema Brasileiro e a atriz, que completa 96 anos no mês que vem e nasceu Arlette Pinheiro Monteiro, já respondia como um dos grandes nomes da cena audiovisual brasileira. Trazia no currículo, pelo menos 24, peças de teatro, boa parte delas encenadas na Companhia Maria Della Costa e no Teatro Brasileiro de Comédia, companhias que deram forma ao teatro brasileiro moderno no século 20.
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São sete décadas de carreira, um período que abrange mais de 40 filmes desde a estreia em A falecida e mais de 20 novelas, sem contar programas e séries, como protagonista ou em participações especiais. Há clássicos como Guerra dos sexos (1983), A muralha (1968), Cambalacho (1986), Sassaricando (1988) e Rainha da sucata (1980), no caso das novelas. E obras primas como Eles não usam black tie, novamente com Leon Hirszman, Central do Brasil (Walter Salles), Gêmeas e Casa de areia, com a filha Fernanda Torres e direção de Andrucha Waddington, O outro lado da rua (Marcos Bernstein), e o mais recente, Vitória (Breno Silveira e Andrucha Waddington), no caso do cinema.
Fernanda ganhou ainda uma bela quantidade de prêmios — tem Urso de Ouro em Berlim, Globo de Ouro, Grande Prêmio do Cinema Brasileiro, APCA, Troféu Imprensa, Emmy Internacional e indicação ao Oscar de Melhor Atriz, além do Candango brasiliense. No Festival de Brasília, foram 15 participações. E, em março de 2022, a atriz entrou para a Academia Brasileira de Letras (ABL) para ocupar a cadeira 17 após a morte de Afonso Arinos. Foi a primeira atriz a vestir o fardão. E ainda tem o Guinness Book, para o qual ela entrou por levar mais de 15 mil pessoas ao Parque Ibirapuera para ouvir uma leitura filosófica de textos de Simone de Beauvoir.
É uma história que atravessa a história do Brasil em todos os sentidos. Fernanda Montenegro ajudou a construir o que se entende hoje por cinema, teatro e televisão brasileiros, uma trajetória que ela conta detalhadamente nas quase 400 páginas de Prólogo, ato, epílogo: Memórias, livro inevitável para quem quiser conhecer um pouco da história da cultura do país no século 20. Em todos os momentos mais importantes, Fernanda Montenegro estava lá.
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