SAÚDE MENTAL

Margot Robbie revela síndrome do impostor e crises de descrença

Atriz de 35 anos fala sobre inseguranças em Hollywood, medo de perder oportunidades e como isso influencia suas escolhas profissionais

 Mesmo após o sucesso de 'Barbie', Margot Robbie admite viver crises de insegurança -  (crédito: Reprodução / Mattel Films / Warner Bros.)
Mesmo após o sucesso de 'Barbie', Margot Robbie admite viver crises de insegurança - (crédito: Reprodução / Mattel Films / Warner Bros.)

A atriz Margot Robbie, de 35 anos, abriu o jogo sobre as inseguranças que ainda carrega, mesmo sendo considerada uma das maiores estrelas de Hollywood. Em entrevista ao jornal britânico Daily Mirror, a australiana revelou que a síndrome do impostor a acompanha constantemente e que, em diversos momentos, sente medo de que a carreira seja interrompida de forma repentina.

“Alguma vez pensei que estava com a vida ganha? Não. Sempre acredito que tudo pode ser tirado de mim. Penso: ‘Meu Deus, não vou conseguir repetir, essa foi a última vez’”, disse. Segundo a atriz, esse receio costuma desencadear crises de descrença e insegurança: “Sempre me pergunto o que estou fazendo. Entro em pânico todas as vezes. Eu realmente me importo, com certeza”.

A pressão também influenciou em uma escolha recente. Margot contou que, mesmo após o diretor de A grande viagem da sua vida permitir que usasse seu sotaque australiano no filme, decidiu recusar a proposta. "Faz tanto tempo que não atuo com meu sotaque que tenho medo de não saber mais como. Desde Vizinhos não faço isso. Hoje sinto que os sotaques funcionam como uma forma de me esconder em uma personagem. Pensei em aceitar, mas logo recuei", relatou. 

Margot explicou que essa decisão reflete uma mudança de postura profissional: “Estou em uma fase em que quero interpretar personagens nas quais me enxergo mais, em vez de me esconder nelas”.

A atriz também revelou que pretendia dar um tempo na carreira após o enorme sucesso de Barbie. A ideia era evitar a superexposição, mas o roteiro de A Grande Viagem da Sua Vida, no qual contracena com Colin Farrell, acabou a convencendo a voltar aos estúdios. “Achei que o mundo já tinha me visto o suficiente. Mas quando li esse roteiro, pensei: ‘Preciso fazer parte disso’. Saber que o Colin estava envolvido tornou a decisão ainda mais especial. Parecia mágico, e eu não queria perder essa oportunidade”, alegou. 

Síndrome do impostor

Não se sentir merecedor das próprias conquistas e acreditar que o sucesso se deve à sorte ou a fatores externos — e não à própria competência — são sintomas da síndrome do impostor, conforme a neuropsicóloga Juliana Gebrim. “Mesmo diante de evidências claras de suas habilidades, ela vive com o medo constante de ser “descoberta” como uma fraude”, explica.

Segundo a especialista, a síndrome se manifesta como comparações frequentes com os outros, dificuldade em aceitar elogios ou reconhecer as próprias conquistas, perfeccionismo excessivo e medo persistente de falhar. “Além disso, a pessoa pode evitar desafios por acreditar que não está à altura, o que limita seu crescimento pessoal e profissional”, pontua. No entanto, a condição é um fenômeno psicológico, e não uma patologia reconhecida por CID ou DSM. 

A síndrome ainda pode estar diretamente ligada à ansiedade e à depressão, já que a autocrítica intensa e o medo de falhar geram um estresse constante. Juliana argumenta que a condição pode surgir a partir de uma combinação de fatores psicológicos e sociais. Crianças que cresceram sob expectativas muito altas ou em ambientes onde o erro era punido de forma rígida, por exemplo, podem internalizar a crença de que nunca serão boas o suficiente. 

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No âmbito social, ambientes altamente competitivos podem reforçar a sensação de inadequação. “A comparação constante com os outros, especialmente em um mundo onde muitos compartilham apenas seus sucessos, pode fazer com que a pessoa sinta que está sempre aquém”, opina a psicóloga. Grupos sub-representados em determinados espaços (como mulheres em áreas predominantemente masculinas) também podem sentir que precisam se esforçar ainda mais para provar seu valor, aumentando a insegurança. 

Ambientes de trabalho competitivos podem intensificar a síndrome do impostor, pois, de acordo com Juliana, a cultura de alta produtividade e a falta de reconhecimento contribuem para a sensação de que a pessoa não está à altura das exigências. “O medo de não ser bom o suficiente faz com que muitas pessoas com síndrome do impostor evitem desafios, deixem de se candidatar a vagas para as quais estão qualificadas ou recusem oportunidades por acharem que não vão dar conta. Esse bloqueio pode impedir seu crescimento e gerar arrependimentos futuros”, afirma a psicóloga.

 

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postado em 30/09/2025 12:16 / atualizado em 30/09/2025 12:17
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