
A indústria do entretenimento vive um de seus maiores movimentos de consolidação após a Netflix anunciar, nesta sexta-feira (5/12), um acordo para adquirir a divisão de estúdios e streaming da Warner Bros. Discovery. O negócio, firmado após meses de especulação e disputas com outros grupos do setor, foi avaliado em US$ 72 bilhões em ações, ou cerca de US$ 82,7 bilhões ao se considerarem dívidas e obrigações financeiras. A operação só poderá ser concluída depois que a Warner separar oficialmente sua área de canais globais, processo previsto para até o terceiro trimestre de 2026.
Com a compra, a Netflix assumirá o controle de um dos catálogos mais valiosos de Hollywood, reunindo franquias como Harry Potter, universos da DC, além de toda a coleção de séries clássicas da HBO, entre elas Game of Thrones e The Sopranos. A empresa afirma que manterá os lançamentos cinematográficos da Warner e que o acervo passará a integrar gradualmente seu ecossistema global de streaming.
- Leia também: Novidades da semana: lançamentos da Netflix, Disney+ e Prime Video entre 1 e 7 de dezembro
A negociação só avançou porque a Warner, em meio à reestruturação interna, decidiu desmembrar sua operação de TV a cabo, notícias e esportes em uma nova companhia independente. Isso abriu caminho para propostas de compra pelo núcleo de estúdios e streaming — área que acabou sendo disputada por gigantes como Paramount Skydance e Comcast, com a Netflix levando a melhor.
Para a líder mundial do streaming, o negócio representa uma virada estratégica: além de reduzir a dependência de licenciamento externo, a empresa passa a deter diretamente um dos maiores acervos do cinema ocidental, fortalecendo sua posição num mercado cada vez mais competitivo. Especialistas, porém, alertam que essa concentração pode reduzir diversidade, pressionar concorrentes menores e ampliar o poder da Netflix sobre distribuição e preços.
"Nossa missão sempre foi entreter o mundo", disse Ted Sarandos, co-CEO da Netflix. "Ao combinar o incrível catálogo de séries e filmes da Warner Bros., seremos capazes de fazer isso ainda melhor. Juntos, podemos oferecer ao público mais daquilo que ele ama e ajudar a definir o próximo século da narrativa."
"Essa aquisição aprimorará nossa oferta e acelerará nossos negócios nas próximas décadas", continuou Greg Peters, co-CEO da Netflix. "A Warner Bros. ajudou a definir o entretenimento por mais de um século e continua a fazê-lo com executivos criativos fenomenais e capacidades de produção excepcionais. Com nosso alcance global e modelo de negócios comprovado, podemos apresentar os mundos que eles criam a um público mais amplo, oferecendo mais opções aos nossos assinantes, atraindo mais fãs para nosso serviço de streaming de primeira linha, fortalecendo toda a indústria do entretenimento e criando mais valor para os acionistas."
"O anúncio de hoje une duas das maiores empresas de narrativa do mundo para levar a ainda mais pessoas o entretenimento que elas mais amam assistir", disse David Zaslav, presidente e CEO da Warner Bros. Discovery. "Por mais de um século, a Warner Bros. tem encantado o público, conquistado a atenção do mundo e moldado nossa cultura. Ao nos unirmos à Netflix, garantiremos que pessoas em todos os lugares continuem a desfrutar das histórias mais marcantes do mundo por muitas gerações."
A transação também será minuciosamente avaliada por autoridades antitruste nos Estados Unidos e na Europa devido ao impacto potencial sobre a concorrência. Integrar a cultura ágil da Netflix à tradição centenária dos estúdios da Warner é outro desafio sensível, especialmente para preservar o modelo de exibições teatrais e o legado de franquias consolidadas.
Siga o canal do Correio no WhatsApp e receba as principais notícias do dia no seu celular
Caso a compra seja aprovada, o setor audiovisual entrará em uma fase inédita, com a Netflix assumindo um papel híbrido: gigante do streaming e, ao mesmo tempo, detentora de um dos catálogos históricos mais influentes do cinema e da televisão. Para o público, isso pode significar acesso ampliado a títulos icônicos em uma única plataforma — ao custo de uma possível redução de pluralidade no ecossistema global do entretenimento.

Diversão e Arte
Diversão e Arte
Diversão e Arte
Diversão e Arte
Diversão e Arte
Diversão e Arte