
Durante a oitiva na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados, nesta quarta-feira (10/9), o hacker Walter Delgatti Neto reforçou sua versão dos fatos e disse estar arrependido das invasões que realizou em sistemas do Judiciário.
Questionado pelo advogado de defesa da deputada federal licenciada Carla Zambelli (PL-SP), Fábio Pagnozzi, Delgatti negou ter feito acusações contra a parlamentar por vingança. O depoimento faz parte do processo que pode levar à cassação do mandato da parlamentar.
“Hoje em dia, eu me arrependo de tudo. Saindo da prisão, não quero me meter nunca mais em confusão, invasão, nada”, declarou o hacker, acrescentando que contar a verdade foi sua forma de demonstrar arrependimento.
Defesa pressiona
Ao longo da sessão, Pagnozzi buscou explorar supostas contradições nos depoimentos do hacker. Um dos pontos levantados foi a diferença entre declarações prestadas à CPI e à Polícia Federal sobre o período em que Delgatti teria permanecido no apartamento de Zambelli. Em um momento, o hacker disse ter ficado em uma estadia de até 20 dias e Zambelli contesta dizendo que foram apenas algumas horas.
Pressionado, ele respondeu: “Na CPI, eu estava sob estresse, sob pressão. Mas pelo que me recordo, fiquei entre 15 e 20 dias, sim, considerando idas e vindas."
O advogado também questionou sobre supostos testes feitos no sistema de emissão de alvarás do CNJ, que teriam gerado documentos falsos em nome de terceiros. Delgatti reconheceu os testes, mas garantiu que nenhum deles possuía validade jurídica: “Nenhum alvará foi cumprido. Era ambiente de emissão, não produziu efeito algum”.
Acusações contestadas
O advogado ainda levantou a existência de arquivos ilegais encontrados no notebook de Delgatti, incluindo material de pornografia infantil e dados de grandes empresas. O hacker negou categoricamente. “Nunca tive acesso a vídeos desse tipo. […] Invadi sim sistemas como o da Magazine Luiza, mas apenas para desbloquear minha própria conta, sem vazar dados. Em relação aos vídeos, isso é mentira”, afirmou.
A deputada Carla Zambelli segue presa na Itália, onde aguarda decisão sobre sua extradição para o Brasil. Ela foi condenada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e pela Justiça brasileira por crimes que incluem invasão de dispositivo informático, porte ilegal de arma e constrangimento ilegal com uso de arma. O processo na CCJ (Representação nº 2/25) ainda terá análise em plenário.
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