
Na véspera da votação dos vetos ao novo marco do licenciamento ambiental, prevista para esta quinta-feira (27/11), o deputado Zé Vitor (PL-MG), relator da Lei nº 15.190/2025, voltou a defender a derrubada de parte dos 63 dispositivos rejeitados pelo Executivo.
Em entrevista ao Correio nesta quarta-feira (26), ele afirmou que os vetos representam “uma discordância conceitual” do governo federal em relação ao texto aprovado pelo Congresso e insistiu que a mudança não significará retrocesso ambiental.
Para o deputado, restabelecer trechos vetados é essencial para tornar o processo menos burocrático e mais previsível. “A derrubada dos vetos representa, primeiro, a garantia de que o processo de licenciamento ambiental vai ser menos burocrático, com regras e prazos claros. Isso é fundamental. Ninguém deixará de ser ouvido, ninguém deixará de ser consultado”, afirmou.
Ele argumenta que o debate não pode ser transformado em “guerra ideológica” e que não há, na lei aprovada, qualquer ponto que desproteja o meio ambiente. “Todos os argumentos apresentados foram simplesmente para defender uma máquina de burocracia que alimenta um grande sistema”, disse.
Questionado sobre críticas à ampliação da Licença por Adesão e Compromisso (LAC), instrumento que reduz etapas de análise técnica, Zé Vitor afirmou que o modelo não libera empreendedores de suas obrigações.
“Quando ele busca a LAC, ele assume compromisso. O empreendedor não está liberado para degradar ou poluir. Ele continua responsável pela qualidade do ar, da água, do solo, pela vegetação presente no empreendimento”, declarou.
Segundo ele, o que muda é apenas o rito burocrático, “menos complexo”, mas com as mesmas exigências ambientais. O deputado também destacou que as penalidades para quem descumprir normas serão maiores: “As penas podem ser dobradas para aqueles que colocarem o meio ambiente em risco. Está na lei”.
Licenciamento descentralizado
Outro ponto enfatizado pelo relator é a descentralização do licenciamento. Ele afirma que estados e municípios já conduzem mais de 90% dos processos e que a legislação apenas reafirma a Lei Complementar 140.
“Não é qualquer ente que pode licenciar. Ele tem que ter equipe, conselho de meio ambiente, estrutura técnica.(...) Técnicos de Santa Catarina, por exemplo, têm expertise histórica em analisar suinocultura e avicultura. Técnicos de Minas Gerais lidam com mineração diariamente. Não há prejuízo técnico”, afirmou. Para ele, parte da resistência é puro “corporativismo”.
A proximidade da votação com o fim da COP30, que trouxe atenção internacional à agenda climática brasileira, também foi questionada. O deputado rejeita a ideia de impacto negativo.
“Qual é o problema de votar antes, durante ou depois da COP? Tecnicamente, nós estamos seguros. (...) Não estamos envergonhados. Estamos orgulhosos”, disse. Ele criticou órgãos ambientais e conselhos que, segundo ele, sustentariam-se em práticas burocráticas: “Tem muita gente que vive de carregar papel, e isso alimenta uma rede gigantesca”.
Relator nega retrocessos
Sobre a expectativa para a votação desta quinta, Zé Vitor voltou a reforçar que não há risco de retrocesso.
“Uma coisa é tratar do licenciamento; outra são os mecanismos de controle ambiental. Não vai haver desproteção, porque todos os controles de água, ar, solo e vegetação continuam sendo exigidos. A fiscalização deverá ser ainda mais intensa. As multas devem ser maiores”, afirmou.
Para ele, a lei moderniza, racionaliza e impede que processos fiquem “sentados em cima da mesa” sem decisão.
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