
Um homem identificado como José Neyton Gomes Melo, 54 anos, foi preso preventivamente, na manhã desta sexta-feira (5/12), por suspeita por praticar diferentes crimes relacionados à violência doméstica — física, sexual, psicológica e patrimonial. Segundo a investigação, ele teria atuado por anos contra diversas mulheres, adotando um modus operandi serial, organizado e predatório, que combina manipulação emocional, violência sexual, perseguição e golpes financeiros, segundo a polícia.
Após representação da 18ª Delegacia de Polícia (Brazlândia), a atuação conjunta da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), do Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT), da Águia 36 da Polícia Militar (PMDF) e do Poder Judiciário resultou no deferimento de medidas de prisão preventiva e busca e apreensão do suspeito. A operação foi batizada de Fraus Veneni (“fraude envenenada”), em referência direta ao suposto uso de medicamentos sedativos pelo investigado para dopar e violentar mulheres em situação de vulnerabilidade.
Inicialmente, a 18ª DP investigou crimes de ameaça, estupro de vulnerável, violência psicológica e violência patrimonial contra o autor, mas, após o surgimento de novos relatos, ampliou a apuração. A análise das provas colhidas mostra que o suspeito já figurava em, ao menos, oito registros desde 2012, envolvendo agressões, ameaça armada, perseguição e comportamento intimidador.
Dinâmica dos crimes
José Neyton se aproximava das vítimas, geralmente mulheres adultas, independentes financeiramente e em momentos de fragilidade emocional, construindo relações amorosas marcadas por afeto simulado, dependência emocional e promessas de estabilidade.
Ao conquistar a confiança, iniciava o processo de exploração financeira, que incluía empréstimos em nome das vítimas, financiamentos fraudados, uso indevido de dados pessoais, cartões de crédito e aquisição simulada de bens inexistentes. Em um dos casos, uma das mulheres relata ter perdido cerca de R$ 200 mil sob a justificativa de comprar uma propriedade rural que jamais existiu.
Além disso, a investigação apontou que o suspeito violentava física e sexualmente as vítimas, incluindo episódios nos quais dopou as mulheres com remédio que causa sonolência, para manter relações sexuais enquanto as vítimas estavam inconscientes. Neyton teria ainda fotografado e filmado mulheres dopadas e nuas, para exibir o material a terceiros como forma de autopromoção. Uma das vítimas sofreu lesões que exigiram intervenção cirúrgica.
As vítimas também relataram serem perseguidas constantemente, de forma que o investigado fazia a vigilância de endereços, campanas em frente às residências e monitoramento de rotinas. Testemunhas afirmam que, em alguns episódios, o suspeito utilizava armas de fogo para intimidar e reforçar seu poder psicológico. Embora não possua registro legal de armas no Sistema Nacional de Armas, há múltiplos relatos de posse irregular.
Depoimentos
Três mulheres de Brazlândia foram formalmente identificadas como vítimas. Os relatos convergem com o padrão identificado pela polícia (aproximação afetiva, manipulação emocional, violência sexual ou psicológica e apropriação patrimonial). Testemunhas afirmam que ele replicou esse comportamento com outras vítimas, ainda não identificadas e localizadas, além de manter atuação ativa em redes sociais para encontrar possíveis novos alvos.
Ao tomar conhecimento das denúncias mais recentes, José Neyton — considerado pelo magistrado que decretou a prisão como de alta periculosidade, com modus operandi violento e clandestino e cujas medidas cautelares alternativas seriam insuficientes — fugiu do DF, escondendo-se em Serra dos Aimorés (MG), na casa de sua mãe de criação.
Nesta sexta, no entanto, ele foi preso quando voltava para o DF, em um hotel de Brazlândia. Diante da possibilidade de existência de outras vítimas ainda não identificadas, o nome do investigado está sendo divulgado pela Polícia Civil, contribuindo para o esclarecimento dos fatos e a ampliação da proteção às pessoas potencialmente atingidas.
A Operação segue em andamento, com foco na coleta de provas, cumprimento das ordens judiciais e aprofundamento das investigações.
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