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Netflix revela diário inédito de Eloá e amplia visão sobre o crime

"Caso Eloá – Refém ao Vivo" mostra trechos nunca antes divulgados do caderno da adolescente morta em 2008 e resgata a voz dela em meio ao caso que chocou o Brasil

Em outubro de 2008, o Brasil acompanhou, em tempo real, um dos episódios mais marcantes e controversos da história policial e midiática nacional. Aos 15 anos, Eloá Cristina Pimentel foi mantida refém pelo ex-namorado, Lindemberg Alves Fernandes, durante mais de cem horas. O desfecho foi trágico: Eloá foi baleada e morreu após a invasão do Grupo de Ações Táticas Especiais (GATE). 

Quase duas décadas depois, o documentário Caso Eloá – Refém ao Vivo, lançado pela Netflix na quarta-feira (12/11), propõe uma nova leitura desse episódio. Dirigido por Cris Ghattas e produzido pela Paris Entretenimento em parceria com Veronica Stumpf, a obra apresenta trechos inéditos do diário de Eloá, material até então desconhecido do público. Segundo a produção, o objetivo é “dar voz à vítima” e reconstruir quem ela era, para além da cobertura sensacionalista que marcou o caso.

Os fragmentos do diário — lidos por uma atriz e intercalados com depoimentos, imagens de arquivo e reconstituições — revelam aspectos íntimos da rotina e da personalidade de Eloá. O caderno traz anotações sobre escola, amizades, sonhos e inseguranças típicas da adolescência, mas também indícios de medo e de um relacionamento abusivo que antecederam o sequestro. Esses escritos, segundo a direção, ajudam a reposicionar o foco da narrativa: da figura do agressor para a vida e a subjetividade da jovem.

A Netflix e os veículos que cobriram o lançamento destacam que o material não foi publicado integralmente — o público tem acesso apenas a trechos selecionados, apresentados de forma sensível e contextualizada. O destino exato do caderno original não foi divulgado, mas o documentário contou com autorização da família de Eloá para uso de arquivos pessoais e escritos inéditos.

A produção surge em meio a uma nova onda de interesse público sobre o caso e a repercussão de produções semelhantes de true crime, como Tremembé. Pesquisas acadêmicas também apontam como a cobertura de 2008 transformou o sofrimento da vítima em espetáculo, colocando Eloá em um papel secundário em sua própria história. O novo documentário busca restaurar a dimensão humana por trás do crime que paralisou o país, e retratar Eloá como uma adolescente real, lembrada não apenas pela sua morte.

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