Indicados nesta quinta-feira (23/1) a categorias da 97ª edição do Oscar, Fernanda Torres e Ainda estou aqui não são os únicos brasileiros a passarem pelo crivo seletivo da Academia. De 1945, com canção de Ary Barroso, a 2022, última indicação antes das de 2025, o Brasil esteve algumas vezes no tapete vermelho da principal premiação de cinema do mundo.
1945: Rio de Janeiro
Apesar de tratar-se de produção americana, o musical Brazil, de 1944, foi indicado na categoria melhor canção original do Oscar de 1945 com música composta pelo brasileiro Ary Barroso — autor de, entre outros clássicos, Aquarela do Brasil.
A canção Rio de Janeiro concorria com outras 12 e perdeu para Swinging on a star, de Jimmy Van Heusen, trilha-sonora do musical americano Going my way (1944).
1960: Orfeu negro
Coprodução de Brasil, França e Itália, o longa de 1959 baseado na peça Orfeu da Conceição, de Vinícius de Moraes, ganhou a estatueta de melhor filme internacional na edição de 1960 da premiação da Academia.
Apesar de ter trilha sonora de Tom Jobim, Luís Bonfá e do próprio Vinícius, bem como atores brasileiros como Breno Mello e Léa Garcia, o prêmio é creditado à França, de onde era o diretor Marcel Camus.
1963: O pagador de promessas
Primeira produção inteiramente brasileira a concorrer ao Oscar, O pagador de promessas, dirigido por Anselmo Duarte e baseado na peça de mesmo nome de Dias Gomes, foi indicado a melhor filme internacional na 35ª edição da premiação, em 1963.
A produção de 1962 com Leonardo Villar e Glória Menezes é a única brasileira a conquistar a Palma de Ouro, do Festival de Cannes. O drama concorreu com outros quatro filmes e perdeu para Les dimanches de Ville d'Avray, da França.
1979: Raoni
Também com três nacionalidades, a produção belgo-franco-brasileira de 1978 sobre o cacique Raoni Metuktire, dirigida e escrita pelo francês Jean-Pierre Dutilleux e pelo brasileiro Luiz Carlos Saldanha, foi indicada à categoria melhor documentário em 1979.
Se tivesse ganhado, o que não ocorreu, os recipientes do prêmio teriam sido Dutilleux e outros dois produtores, nenhum deles brasileiro.
1982: El Salvador: another Vietnam
Indicada a melhor documentário no Oscar de 1982, a produção americana El Salvador: another Vietnam foi dirigida pela cineasta brasileira Tetê Vasconcellos, irmã de Marta Suplicy, e pelo americano Glenn Silber.
Vasconcellos teria sido recipiente do prêmio, caso o documentário tivesse sido selecionado.
1986: O beijo da mulher-aranha
Coprodução entre Brasil e Estados Unidos, O beijo da mulher-aranha foi indicado, na edição de 1986 da premiação da Academia, a melhor filme, melhor diretor, melhor roteiro adaptado e melhor ator.
Apesar de ter Sônia Braga, Milton Gonçalves, Herson Capri e diversos outros brasileiros no elenco, e de se passar durante a ditatura militar no Brasil, o recipiente da única categoria vencida, melhor ator, foi o americano William Hurt, que interpreta Luís Molina. Além dele, receberiam os prêmios que não foram levados o produtor americano David Weisman, o diretor argentino naturalizado brasileiro Héctor Babenco e o roteirista americano Leonard Schrader.
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1993, 1994 e 2000: Luciana Arrighi
Nascida no Rio de Janeiro, a decoradora de arte ítalo-australiana-brasileira Luciana Arrighi venceu melhor direção de arte em 1993 pelo filme Howards End, produção do Reino Unido com os Estados Unidos e o Japão.
Arrighi concorreu, mas não ganhou, na mesma categoria nos anos de 1994 e 2000, com as produções americanas The remains of the day e Anna and the king, respectivamente.
1996: O quatrilho
Outra produção totalmente brasileira indicada a melhor filme internacional, O quatrilho, de Fábio Barreto com Glória Pires, Patrícia Pillar e Bruno Campos, perdeu para o holandês Antonia, de Marleen Gorris.
Baseado em livro homônimo de 1985, o drama de 1995 tem música-tema de Caetano Veloso e acompanha dois casais que, em 1910, se unem em uma comunidade rural do Rio Grande do Sul para poder sobreviver.
1998: O que é isso, companheiro?
O brasileiro O que é isso, companheiro?, de Bruno Barreto com Fernanda Torres e Selton Mello, também foi indicado, no Oscar de 1998, a melhor filme internacional. A produção de 1997 aborda o sequestro do embaixador dos Estados Unidos no Brasil em 1969, durante o regime militar.
Com título em inglês Four days in September, o longa perdeu para Karakter, também holandês.
1999: Central do Brasil
Um dos mais conhecidos da lista, Central do Brasil, de Walter Salles com Fernanda Montenegro, concorreu a melhor filme internacional e a melhor atriz na edição seguinte da premiação, em 1999.
Coprodução de Brasil e França, o drama, que narra a procura de uma professora aposentada e de um menino recém-órfão de mãe pelo pai dele no Nordeste, perdeu para o italiano La vita è bella, de Roberto Benigni. Já Fernanda Montenegro, que concorria também com Cate Blanchett e Meryl Streep, perdeu para a americana Gwyneth Paltrow em Shakespeare apaixonado.
2001: Uma história de futebol
Uma nova categoria entra em cena em 2001: Uma história de futebol foi indicado a melhor curta-metragem em live-action. Produzido e dirigido por Paulo Machline em 1998, o curta perdeu para Quiero ser, de Florian Gallenberger.
2004: Cidade de Deus
O longa totalmente brasileiro Cidade de Deus foi o único do país até o momento a concorrer em quatro categorias: melhor diretor, melhor roteiro adaptado, melhor edição e melhor fotografia.
Com direção de Fernando Meirelles, roteiro de Bráulio Mantovani, edição de Daniel Rezende e fotografia do uruguaio radicado no Brasil César Charlone, o filme perdeu todas as categorias às quais foi indicado em 2004.
2004 e 2018: Carlos Saldanha
A produção americana Gone Nutty, que concorreu, também em 2004, ao melhor curta-metragem de animação teria premiado, se tivesse vencido, o brasileiro Carlos Saldanha.
Responsável por diversas animações como a franquia A era do gelo, Rio e Robôs, Saldanha foi indicado também em 2018, com o longa animado americano O touro Ferdinando, mas não venceu.
2005: Diários de motocicleta
Coprodução de 8 países, entre eles Brasil, Argentina, França e Estados Unidos, o drama dirigido por Walter Salles baseado em diários de viagem de Ernesto Che Guevara, foi indicado a melhor roteiro adaptado — pelo qual o responsável foi o porto-riquenho José Rivera.
Além disso, a música Al otro lado del río, tema do filme composta pelo uruguaio Jorge Drexler, venceu melhor canção original.
2011: Lixo extraordinário
Coprodução de Brasil e Reino Unido indicada a melhor documentário tem como tema o trabalho do artista brasileiro Vik Muniz com catadores de material reciclável em aterro em Duque de Caxias.
Se tivesse ganhado, porém, premiaria a diretora Lucy Walker e o produtor Angus Aynsley, ambos britânicos.
2012: Real in Rio
Trilha sonora da animação americana Rio, de 2011, a música Real in Rio, dos brasileiros Sérgio Mendes e Carlinhos Brown, foi indicada a melhor canção original em 2012. Ela perdeu para Man or muppet, do musical live-action Os muppets.
2015: O sal da terra
Outro indicado a melhor documentário, O sal da terra — coprodução de Brasil, França e Itália — traz o fotógrafo Sebastião Salgado pelos olhos do filho, o cineasta Juliano Salgado, e do alemão Wim Wenders, ambos diretores do filme.
Quem ficou com a categoria em que concorria O sal da terra em 2015 foi o americano Citizenfour.
2016: O menino e o mundo
Indicado a melhor filme de animação em 2016, o inteiramente brasileiro O menino e o mundo, dirigido por Alê Abreu, perdeu para o americano Divertidamente.
2018: Me chame pelo seu nome
Drama de Luca Guadagnino estrelado por Timothée Chalamet, Me chame pelo seu nome é coprodução de Estados Unidos, Itália, França e Brasil.
Apesar de o longa ter sido indicado a melhor filme, melhor ator e melhor canção original e vencido melhor roteiro adaptado, o produtor brasileiro Rodrigo Teixeira não receberia nenhum dos prêmios.
2020: Democracia em vertigem
Produção brasileira de Petra Costa, Democracia em vertigem — que narra bastidores do impeachment da ex-presidenta Dilma Rouseff — foi indicado a melhor documentário no Oscar de 2020, mas perdeu para o estadunidense American Factory.
2022: Pedro Kos
O diretor de cinema brasileiro-americano Pedro Kos tinha sido, até esta terça-feira (23/1), a última indicação relacionada ao Brasil na premiação da Academia. Em 2022, a produção americana Lead me home, da Netflix, dirigida por ele, concorreu a melhor documentário de curta-metragem.
