COMPORTAMENTO

'Ser monogâmico é revolucionário', diz Fernanda Torres sobre casamento

Casada há 27 anos, a atriz destacou em podcast que a aceitação das mudanças do parceiro é essencial para manter a relação duradoura

Fernanda Torres participou do podcast de Vera Iaconelli, psicanalista e colunista da Folha de S. Paulo, ocasião em que comentou sobre o casamento com o diretor Andrucha Waddington — união duradoura de 27 anos. A atriz de 59 anos declarou que manter uma relação longeva e monogâmica nos dias atuais é um ato revolucionário. 

“Ser monogâmico nos dias atuais é revolucionário”, argumentou. “A gente não fica casado com a mesma pessoa, a gente vai mudando. É um processo de amadurecimento. Nos primeiros anos, você jura que vai mudar a pessoa. Depois, você desiste de tentar mudar.”

Para a atriz, a aceitação do outro e das mudanças que vêm com o tempo é a chave para manter uma união duradoura. Ela opinou que muitas separações são motivadas pela disrupção do parceiro real e do parceiro idealizado. 

Tal mãe tal filha

Ao manter a relação firme, Fernanda inspira-se no casamento de seus pais, sua principal referência de amor: Fernanda Montenegro e Fernando Torres. “Depois de tanto tempo, permaneci casada como meus pais. Essa questão da monogamia, de ser casado com alguém, seja lá as crises que eu e Andrucha tivemos na vida, eu sinto que repeti o casamento dos meus pais. Casei com alguém que também é meu parceiro profissional”, explicou. O casal trabalhou junto em filmes como Gêmeas e Casa de Areia e na série Fim, da Netflix. 

Mãe de Joaquim e Antônio e madrasta de Pedro e João, Fernanda relembrou que ela e Andrucha já moraram em casas separadas para conciliar todas as crianças. A atriz teve o último filho aos 42 anos, quando notou a incompatibilidade de um bebê e um adolescente debaixo do mesmo teto. Após o período conturbado, as coisas se acalmaram e o casal retornou para o mesmo lar. 

A ‘febre’ da não-monogamia 

Segundo a psicóloga e sexóloga Alessandra Araújo, a crescente popularidade da não monogamia e a percepção da monogamia como um ato revolucionário são dois lados da mesma moeda, impulsionados pelas profundas mudanças sociais e tecnológicas da nossa época.

Para a especialista, a não monogamia é socialmente percebida como uma opção cada vez mais viável e comum, pois vivemos um contexto de “super-erotização da vida”, em que aplicativos e redes sociais oferecem possibilidades infinitas de interação. “A tecnologia democratizou o acesso a outras pessoas como nunca antes. A tentação e a curiosidade estão a um clique de distância”, observa.

Alessandra também ressalta que os padrões tradicionais estão em xeque. Ela explica que a sociedade, cada vez mais secular e individualista, e questiona modelos antes intocáveis, como casamento e família nuclear. “A ideia de que um único parceiro possa suprir todas as necessidades emocionais, sexuais e intelectuais soa irrealista para muitos”, resume.

A busca por liberdade individual também impulsiona esse movimento. A não monogamia seria vista como uma extensão da autonomia pessoal, permitindo conexões afetivas e sexuais de forma mais fluida, conforme a psicóloga. 

Por outro lado, Alessandra argumenta que é justamente nesse cenário que a monogamia passa a ser considerada um ato revolucionário. “Se a não monogamia é o caminho de menor resistência em uma sociedade de escolhas ilimitadas, a monogamia se torna o oposto”, diz.

Ela aponta três dimensões desse caráter radical:

  • Um contrato em tempos de descarte – escolher permanecer com uma só pessoa em meio à cultura do “usar e jogar fora” é um gesto contracultural;

  • O esforço genuíno – manter a exclusividade exige trabalho constante, resolução de conflitos e a escolha diária pelo mesmo parceiro, mesmo diante de tantas tentações;

  • A escolha pela profundidade – em vez de colecionar experiências superficiais, a monogamia aposta na construção de uma história única e complexa com uma só pessoa.

“Em suma, ser monogâmico hoje é um ato de resistência”, conclui Alessandra. “É escolher a permanência em um mundo que parece valorizar apenas o efêmero.”

Quem é Fernanda Torres

Fernanda Pinheiro Monteiro Torres, nascida em 15 de setembro de 1965 no Rio de Janeiro, é atriz, escritora e roteirista. Filha da também atriz Fernanda Montenegro, se destacou cedo no teatro e consolidou carreira no cinema, televisão e literatura.

Trabalhos Relevantes

Relacionamentos e Casamento

  • Pedro Bial: casaram-se em 1982, quando Fernanda tinha 17 anos; união durou até 1985.
  • Gerald Thomas: relacionamento na década de 1990.
  • Andrucha Waddington: juntos desde 1997, têm dois filhos, Joaquim (2000) e Antônio (2008).

Atualmente, Fernanda afirma viver a melhor fase de seu casamento de 27 anos com o cineasta. Em entrevistas, ressalta a harmonia familiar e o companheirismo da relação, destacando a integração com os filhos do marido de um relacionamento anterior.

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