O maior espetáculo natalino do país inspirado na cultura brasileira chega a 2025 renovado sem perder suas raízes. O Baile do Menino Deus: Uma Brincadeira de Natal, apresentado tradicionalmente nos dias 23, 24 e 25 de dezembro, às 20h, no Marco Zero do Recife, amplia o alcance artístico e simbólico ao incorporar novas linguagens, promover um cortejo inédito pelas ruas do Bairro do Recife e ganhar um especial no Globoplay. Reconhecido como Patrimônio Imaterial da cidade desde 2024, o espetáculo reúne cerca de 70 mil pessoas presencialmente a cada edição, além de milhares de espectadores no ambiente digital.
Criado como contraponto à estética estrangeira típica do Natal de países de clima frio, o Baile aposta em uma identidade genuinamente brasileira. Em vez de neve, renas e trenós, entram em cena manifestações populares como maracatu, frevo, caboclinho e reisado, costuradas a partir das matrizes indígena, negra e ibérica. A encenação celebra a renovação da vida e aborda temas sociais como inclusão, desigualdade, solidariedade e oportunidade, sempre ancorada na tradição oral e na cultura popular.
A narrativa acompanha dois Mateus em busca da casa onde nasce o Menino Jesus para celebrar o Natal com José e Maria. Ao longo da peregrinação, eles se deparam com figuras do imaginário popular, grupos artísticos e dilemas coletivos que funcionam como metáforas da vida em sociedade. Em 2025, o espetáculo expandiu seu território simbólico ao ganhar uma apresentação inédita em Goiana, na Mata Norte de Pernambuco, além de realizar um grande cortejo com mais de 300 artistas ligados aos ciclos natalino e carnavalesco.
Entre as novidades do elenco estão o sanfoneiro Flávio Leandro, que assume a cena do pastoreio do boi — passagem ligada à ancestralidade e à fertilidade —, e a cantora pernambucana Joyce Alane, finalista do Grammy Latino com o álbum Casa Coração e indicada ao Prêmio Multishow. Ela interpreta três músicas e estreia tanto no Baile quanto no palco do Marco Zero. A montagem também incorpora o popping, dança popularizada mundialmente por Michael Jackson, conduzida pelo dançarino Dimas Popping, que se soma ao hip hop e às expressões tradicionais do corpo de baile.
O elenco de Mateus passa por alteração com a entrada do ator Djaelton Quirino, que se junta a Daniel Barros, revezando-se com Sóstenes Vidal e Arilson Lopes. Além disso, o espetáculo promove atualizações em cenas, arranjos e personagens, reafirmando seu caráter de obra viva, em constante diálogo com a contemporaneidade e com a diversidade cultural brasileira. Como resume Ronaldo Correia de Brito, idealizador da obra, o Baile funciona como um grande guarda-chuva capaz de acolher o que o Recife, o Brasil e o mundo produzem, equilibrando tradição e invenção.
Criado em 1983 por Ronaldo Correia de Brito, Assis Lima e Antonio Madureira (Zoca), o Baile do Menino Deus integra desde 2004 o calendário oficial do Marco Zero, ao lado do Carnaval e da Paixão de Cristo. Tornou-se referência nacional, inspirou centenas de montagens pelo país, virou material paradidático do MEC e deu origem a dois filmes e a uma trilogia literária sobre os ciclos festivos populares, ao lado de Bandeira de São João e Arlequim de Carnaval. Em 2025, nomes como Flávio Leandro e Maestro Spok reforçam um elenco que, ao longo dos anos, já contou com artistas como Lia de Itamaracá, Elba Ramalho, Chico César e Tizumba, consolidando o espetáculo como o grande auto de Natal brasileiro.
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