As provas da nova edição do Concurso Público Nacional Unificado (CNU) serão aplicadas neste domigo (5/10), sob grande expectativa de concurseiros e com esquema de segurança reforçado após operação da Polícia Federal mirar tentativa de fraude no certame do ano passado. Em Brasília, segunda unidade da Federação com mais inscritos, 102,9 mil candidatos são esperados.
As novas diretrizes de seguraça foram anunciadas conjuntamente pelos ministérios da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI) e da Justiça e Segurança Pública (MJSP), com o objetivo de assegurar a lisura e a confiabilidade do processo seletivo. Entre as medidas, estão o uso de detectores de ponto eletrônico e de metais em todas as salas e banheiros. Também foram adotadas a identificação personalizada de provas - cada caderno trará códigos de barras únicos em todas as páginas - e a divulgação do tipo de prova apenas após a liberação oficial dos gabaritos.
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As provas de domingo, com questões objetivas, serão divididas em duas partes: uma com temas de conhecimentos gerais — como língua portuguesa, raciocínio lógico e atualidades — e outra com conteúdos específicos de cada bloco temático escolhido pelo candidato. O início da prova está marcado para as 13h, simultaneamente para todos os cargos.
Ao todo, são 1.294 locais distribuídos em 228 municípios brasileiros. O campus Coração Eucarístico, da PUC Minas, em Belo Horizonte, será o maior ponto de aplicação do país, com 8.428 inscritos. Brasília perde apenas para o Rio de Janeiro (108.838) em número de inscritos no total.
No dia do exame, é exigido que o candidato leve caneta esferográfica de tinta azul ou preta em material transparente e um documento de identificação original com foto. A prova para o nível superior ocorrerá entre 13h e 18h e contará com 90 questões. Já no nível intermediário, os candidatos terão das 13h às 16h30 para responder a 68 itens.
O certame é organizado pelo MGI, em parceria com a Escola Nacional de Administração Pública (Enap), e a Fundação Getulio Vargas (FGV) é a banca organizadora. Ao todo, são ofertadas 3.652 vagas, em 32 órgãos da administração pública federal. A prova discursiva, para os aprovados nesta primeira fase, está agendada para 7 de dezembro.
Últimas horas
Às vésperas da prova, especialistas ouvidos pelo Correio afirmam que é importante que os mais de 760 mil inscritos se organizem a fim de evitar imprevistos no dia da prova. "É fundamental já separar com antecedência documentos, caneta preta de corpo transparente, cartão de inscrição e checar o local de prova. Essa organização evita imprevistos e reduz o estresse. Também é recomendável testar o trajeto até o local para saber o tempo de deslocamento", orienta a professora do Gran Concursos Letícia Bastos (veja quadro).
"O dia da prova por si só já é tenso. Então, o que se puder evitar de problemas, precisa evitar. E aí, como ele (candidato) faz isso: relendo o edital e vendo todas as regras que precisa observar", destaca o professor do Direção Concursos Erick Alves.
A própria ministra da Gestão, Esther Dweck, durante o programa Bom dia, ministra, orientou os candidatos a realizar a leitura atenta da folha de rosto da prova e a conferir rigorosamente o endereço da escola, certificando-se de que corresponde ao constante no cartão de inscrição. As principais informações logísticas do certame, como horário, local da prova, número de inscrição e o registro de atendimento especializado ou uso do nome social (quando solicitado), estão detalhadas no cartão de confirmação de inscrição, que pode ser acessado diretamente no site da FGV.
Em relação ao estudo, a especialista Letícia Bastos, do Gran, orienta que o candidato evite mergulhar em novos conteúdos. "O ideal é uma revisão leve, revisitar anotações rápidas e cuidar do corpo e da mente: dormir cedo, ter uma alimentação leve e preparar tudo para o dia seguinte", enumera. Ela também destaca a importância do descanso. "O descanso é tão estratégico quanto o estudo, porque garante concentração e energia durante a prova", ressalta.
Para Erick Alves, este último dia antes da prova é um momento que exige autoconhecimento por parte do candidato. "O que fazer na véspera da prova vai depender muito do estilo da pessoa", explica. Ele conta que, para alguns, o melhor caminho pode ser o descanso, especialmente aqueles que lidam com a ansiedade e preferem estar com a mente tranquila no dia seguinte. Já outros optam por revisar até o último instante. A recomendação, segundo ele, é que cada estudante avalie suas necessidades e escolha a estratégia mais adequada. "O candidato precisa se conhecer para definir o que vai fazer no dia antes da prova", afirma o docente.
Concentração
O professor Harlenson Fonseca também destaca a importância de se manter a calma e confiar na própria preparação. "É preciso manter a calma, porque a parte mental é essencial para você fazer uma boa prova", destaca o especialista. A respeito da estratégia para o dia da prova, o conselho dado pelo docente é priorizar as questões de resposta imediata e, crucialmente, reservar um tempo adequado para o preenchimento do cartão resposta, evitando o erro comum de falta de tempo.
Diferentemente de muitos que são tomados pela ansiedade, a concurseira Luciana Carnauba, 47 anos, mantém a tranquilidade, o que atribui à experiência em concursos. "Quando fazemos muitos concursos começamos a perceber o estilo da banca. E também é preciso entender que não demanda só a preparação da parte teórica. Se o seu psicológico não estiver legal, não tem como manter a calma", afirma a candidata, que participa do CNU pela segunda vez.
A concurseira também vê com bons olhos a separação das fases do certame neste ano, destacando que essa organização de prova objetiva e discursiva em momentos distintos fica menos cansativa e permite que o candidato tenha mais tempo para focar na prova discursiva.
Mudanças
A segunda edição do CNU traz mudanças significativas quando comparada com a do ano passado. Entre as alterações, está a escolha da banca organizadora, que neste ano é a Fundação Getulio Vargas (FGV). A gestora pública Ana Carolina Paiva demonstra otimismo com a novidade e diz estar confiante. "Acho que será até mais fácil, porque as questões estão amplas, os temas estão bem legais", afirmou a concurseira. Ela também tenta a prova pela segunda vez, já que passou no ano anterior, mas aguarda na lista de espera.
Segundo o professor Fernando Moura, a FGV é conhecida por ser mais criteriosa e rigorosa na cobrança do conteúdo. "Ela coloca em primeiro plano o raciocínio linguístico do candidato, aplicado a diferentes tipos de texto, e se utiliza de muitas bases filosóficas", explica o professor. O especialista ainda afirma que muitos candidatos têm receio dessa banca devido à complexidade de algumas questões e ao fato de ela sempre surpreender.
Em relação à estrutura das questões, o professor explica que a FGV valoriza a lógica e a interpretação textual — muitas vezes com base em citações de pensadores. Ele também ressalta que o elemento surpresa costuma estar presente: "Às vezes vêm contextos longos - como ocorreu no concurso do Tribunal de Contas do Estado do Piauí. Outras vezes, ela trabalha com um texto curto a cada questão". Todavia, no caso do CNU, Moura acredita que seja adotada a estratégia de trabalhar com textos curtos a cada questão.
Para lidar com esse novo estilo, Samir Reis, 47 anos, afirma que voltou sua preparação para resolução de questões da própria FGV, banca que ele considera mais detalhista. O veterano, que nesta última semana prioriza apenas a revisão dos temas, mostra serenidade na reta final e lida com a pressão afirmando estar tranquilo e que não há estratégia definida para o dia da prova. "Vou chegar e seguir a ordem", diz o concurseiro, que fará o certame pela segunda vez.
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