
O movimento cultural das batalhas de rima ganha cada vez mais destaque. Entre vários exemplos de artistas que saíram das ruas para chegar aos estúdios, a equipe Os Cobras é um exemplo de que existe muita habilidade nas batalhas. No Veneno é um álbum da equipe formada pelos Mc 's Noventa, Martzin e Tubarão. Ao Correio, Noventa contou sobre a produção do disco.
O projeto é o primeiro do Brasil voltado exclusivamente às batalhas de rima, e surge como um manifesto de coletividade, criação e profissionalização da cena. São dez faixas que carregam a agressividade das punchlines e a sensibilidade de quem vive o hip-hop como expressão.
O universo das batalhas de rima se profissionaliza gradualmente no Brasil. Veterano na cena, desde 2013, Noventa percebe essa evolução como lenta, mas significativa. “A gente ainda conta nos dedos 10, 15 MCs que vivem de forma confortável no Brasil. A profissionalização está acontecendo, mas devagar”, diz ele, que destaca a importância das premiações, ligas e times de freestyle para estruturar a carreira de novos talentos.
Para Noventa, o impacto das batalhas de rima vai muito além do entretenimento. “Vi uma batalha de indígenas e o MC que ganhou não tinha nem Instagram, e a cidade inteira foi. É uma galera que se locomove de bicicleta ou barco. O hip-hop chegou intensamente em todos os lugares, do Rio ao Norte do país”, afirma. Segundo ele, apesar do alcance cultural do movimento, o Brasil ainda é conservador e investe pouco em políticas públicas e iniciativas privadas voltadas para a cena.
Participações de nomes da cena urbana, como Dudu MC, Gomes, Pedro Trick e Dressa reforçam a conexão do projeto com a cultura de batalha, sem abrir mão da musicalidade. “Chamamos pessoas que têm a ver com o que estamos fazendo, que vivem essa cultura, e fizemos música que a gente quer ouvir. Foi um processo despretensioso, mas muito rico”, completa.
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O time reúne Noventa, Tubarão e Martzin, e tem como objetivo levar a essência das batalhas para projetos musicais. “O álbum é uma celebração. Cada faixa traz nossa vivência, nossa essência da rua, sem preocupação em atender ao mercado. É sobre sermos livres, explorarmos diferentes estilos e descobrirmos talentos dentro do próprio grupo”, explica Noventa.
O álbum de estreia do Cobras é distribuido pela Symphonics e foi desenvolvido em seis dias de intensa criação em São Paulo, mistura R&B, funk e punchlines típicas das batalhas. A ideia era manter a autenticidade e a energia do improviso, ao mesmo tempo em que se experimentam estúdios e arranjos musicais. Noventa ressalta: “A ideia inicial era fazer tudo com boombap, mas percebemos que a essência do freestyle é ser livre. Então deixamos fluir, e cada um trouxe sua expressão”.
O Cobras surge, assim, como um projeto que conecta a essência das batalhas de rima com a música produzida em estúdio e promove tanto visibilidade quanto estrutura para MCs que até então dependiam apenas da arena.
*Estagiário sob a supervisão de Severino Francisco
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