» DENISE ROTHENBURG
postado em 14/03/2016 00:00

(foto: Nando Chiappetta/DP/D.A Press
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O governo de Dilma Rousseff reconheceu que as manifestações de ontem foram expressivas, porém, renúncia, impeachment ou mesmo a cassação da chapa ; as opções lidas pela oposição depois do movimento de ontem ; estão fora de cogitação pelos ocupantes do Planalto. ;Dilma obteve 54 milhões de votos;, lembrou o vice-lÃder do PT na Câmara, Paulo Teixeira (PT-SP). ;As manifestações praticamente repetiram as de março de 2015. Portanto, cabe à oposição desistir da agenda de impeachment e ao governo dar uma resposta à s reivindicações da classe média na economia;,
Nos bastidores, os aliados da presidente se mostram bastante preocupados com a expressividade das manifestações, que, desta vez, avaliam, teve foco. Não ficou dispersa em crÃticas ao desemprego e à inflação. Foi direcionada ao apoio à s investigações em curso na Lava-Jato e ao ;fora, PT; e ;fora, Dilma;, como avaliaram os próprios ministros que participaram da reunião com a presidente da República no Palácio da Alvorada.
Apesar das preocupações do governo, a primeira resposta do Planalto a respeito, depois de duas horas de reunião entre ministros, aliados e a presidente Dilma, foi uma nota lacônica. ;A liberdade de manifestação é própria das democracias e por todos deve ser respeitada;, diz texto da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República. ;O caráter pacÃfico das manifestações ocorridas neste domingo demonstra a maturidade de um paÃs que sabe conviver com opiniões divergentes e sabe garantir o respeito à s suas leis e à s instituições.;
Enquanto o governo tenta reagir, as oposições reacendem o ânimo pró-impeachment e esperam aproveitar o embalo das manifestações para acelerar a tramitação do pedido na Câmara. ;Acredito que, antes da Semana Santa, conseguiremos eleger a comissão processante. É o que as ruas esperam de nós, o impeachment da presidente Dilma;, diz o deputado Marcus Pestana (PSDB-MG).
O processo, porém, não é tão simples assim. Espera-se que esta semana o Supremo Tribunal Federal dê a palavra final sobre rito a ser seguido. Feito isso, começa a batalha pela instalação da comissão especial de deputados. A expectativa é a de que a decisão da Casa sobre o impeachment ocorra em final de maio. DaÃ, segue para o Senado.
Até final de maio, dizem alguns, não é possÃvel saber o que irá acontecer, porque quem dita o ritmo da polÃtica hoje é a Lava-Jato. E a operação tem ramificações para todo o gosto. Não por acaso, em meio ao ;fora, PT; e o ;fora, Dilma;, viu-se um número expressivo de manifestantes pedindo a saÃda de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) da Presidência da Câmara, e de Renan Calheiros (PMDB-AL) da Presidência do Senado. Diante disso, há quem considere impossÃvel levar o processo contra Dilma ao plenário da Câmara enquanto Cunha for presidente da Casa.
Dentro do PMDB, existe uma corrente disposta a correr com o processo de impeachment para ver se, entregando a cabeça da presidente Dilma aos manifestantes, eles esquecem das denúncias envolvendo os peemedebistas e deixam o vice-presidente Michel Temer governar em paz. Ocorre que, com tanto apoio à Lava-Jato, há quem considere difÃcil esquecer esses personagens, que chegaram junto com Temer à convenção do PMDB no último sábado.
Uma nota divulgada ontem no final da tarde pela Rede Sustentabilidade da ex-senadora Marina Silva indica que o PMDB tem motivos para ficar preocupado. Tudo indica que a Rede não vai desistir das apurações sobre a campanha de 2014, tampouco das ações no TSE, algo que chegou a ser discutido nos bastidores entre PSDB e PMDB. ;Quanto mais evidentes os indÃcios de que a corrupção da Petrobras foi a base financeira da campanha do PT-PMDB, maior o imperativo ético de uma resposta via TSE;, afirmou o partido em sua página na internet.