» GUILHERME GOULART
postado em 15/11/2017 00:00

(foto: Kwong Yee Cheng/Flickr)
Aproximar-se do complexo do Distillery District é como voltar no tempo. Mais precisamente à Era Vitoriana. Ali, em 1832, fundou-se a The Gooderham and Worts Distillery, que alcançou o fim dos anos 1860 como uma das maiores produtoras e exportadoras de uÃsque do mundo. Os 47 prédios de tijolos aparentes, além de algumas torres e chaminés, explicam a magnitude do empreendimento à beira do Lago Ontário. Diante deles, fica impossÃvel não imaginar como, nos áureos tempos, se movimentava aquela engrenagem industrial.
A destilaria funcionou por 153 anos. Mas a recessão econômica do inÃcio dos anos 1990 determinou o fim das atividades da empresa e mudou completamente o cenário de parte da zona portuária. Com isso, o vaivém dos operários perdeu lugar para a criminalidade, que tomou conta dos becos e das vielas de paralelepÃpedos. Há 10 anos, no entanto, um grupo de investidores percebeu o potencial turÃstico e transformou o lugar em visita obrigatória para qualquer turista de passagem por Toronto.
Algumas particularidades tornam a atração imperdÃvel. Além das construções históricas, é proibida a circulação de carros. A caminhada permite reparar em detalhes como as placas de identificação da antiga The Gooderham and Worts. Também é fácil perceber a combinação entre o moderno e o antigo, principalmente pelos edifÃcios residenciais erguidos ao redor do complexo. Por causa da riqueza de informações sobre o local, vale a pena pagar pela visita guiada. É possÃvel fazê-la a pé ou com o auxÃlio de segways, diciclo que funciona com a inclinação do corpo. Também há tours com histórias de fantasmas (leia Agende-se).
Para curtir tudo com calma, é preciso reservar algumas horas. Espalham-se pelo local os mais variados estabelecimentos, entre lojas de roupas e de artesanatos, restaurantes, bistrôs, cafés, sorveteria, chocolaterias, cervejaria e, claro, destilarias. Muitos deles oferecem degustações, incluÃdas na visita guiada. Por isso, melhor forrar o estômago com os chocolates da Soma Chocolatemaker ; que usa cacau brasileiro em parte da produção ; e os queijos da Wildly Delicious antes de partir para as provas de bebidas alcoólicas.
A Spirit of York, estrategicamente colocada logo na entrada do Distillery District, abre a sessão de experimentações etÃlicas. As instalações são uma atração à parte. O visitante é recebido por um grande bar em hexagonal e por um salão com pé direito alto e cercado de vidros e vigas grossas de madeira. Ali, reina a transparência. Até os equipamentos usados para a produção de vodca, gin e aquavita, além de destilados frutados, ficam à mostra. As garrafas, todas trabalhadas, também se destacam, assim como a degustação das três principais bebidas feitas pela fábrica. Todas de excelente qualidade.
Os mais empolgados podem prosseguir com o circuito das bebidas pela Izumi, que produz sakê em solo canadense. São oito tipos desse destilado à base de arroz, um deles vendido como mix de cocktail. É possÃvel experimentar os principais rótulos da casa, como o Nama-Nama e suas notas de melão.
Depois disso tudo, nada como um bom café. A aprazÃvel Balzac convida ao descanso e à contemplação, aproveitando a histórica construção para distribuir balcões, escadarias, mesas e cadeiras pelo aconchegante salão. Canecas, posters e cafés da própria marca são bons presentes para os apaixonados pelo grão, combinando traços vintage a frases de efeito. Melhor despedida não há de um dos lugares mais interessantes de Toronto.
Serviço
Agende-se
Informações sobre os tours no Distillery District: www.gotourscanada.com.